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Kyoto e Nara: patrimônios históricos do Japão
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Com formação em desenvolvimento mobile pelo IFCE e pela Apple Academy, junto ao seu conhecimento em Design e Animação, atuação em UI|UX e experiência na criação de aplicativo móveis, fundou a Startup Mercadapp. É amante dos livros, da música, do teatro e do ballet. Tudo isso sempre junto e misturado a tecnologia e inovação. Escrever sempre foi seu refúgio dentro dessa jornada tão desafiadora, que é ser uma jovem mulher empreendedora

Larissa Lima comportamento

Kyoto e Nara: patrimônios históricos do Japão

Uma jornada por camadas profundas da alma do Japão. A cada templo, a cada paisagem, senti que estava não apenas conhecendo lugares, mas também absorvendo uma sabedoria milenar
Tipo Opinião
O majestoso Kinkaku-ji - Templo do Pavilhão Dourado (Foto: Larissa Lima)
Foto: Larissa Lima O majestoso Kinkaku-ji - Templo do Pavilhão Dourado

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Cheguei a Kyoto, uma cidade onde cada templo e cada rua contam histórias que o tempo decidiu não apagar. Assim que desci na estação, fiquei imediatamente impressionada com as vielas e templos tradicionais, que pareciam sussurrar segredos de tempos antigos.

Uma curiosidade interessante é que Kyoto foi a capital do Japão por mais de mil anos, de 794 até 1868, o chamado período Heian (Heian-ky, antigo nome de Kyoto). Nesse tempo, foi o centro cultural, religioso e político do país, onde floresceram as artes, a literatura e as tradições que moldaram a identidade japonesa.

Minha primeira parada foi o majestoso Kinkaku-ji, o Templo do Pavilhão Dourado. O brilho dourado da construção refletido nas águas serenas do lago à sua frente era como uma pintura viva. Caminhei devagar, permitindo que o som suave do vento entre as árvores e o silêncio reverente do local me envolvessem. Cada passo nos jardins bem cuidados me transportava para uma atmosfera de paz quase espiritual. Era impossível não se perder na contemplação daquele cenário, onde o tempo parecia não ter pressa em passar.

Depois de Kinkaku-ji, segui rumo ao Kiyomizu-dera, que se ergue majestosamente no topo de uma colina. A caminhada pelas ruas de Higashiyama, com suas casas tradicionais e lojinhas artesanais, já anunciava que algo especial estava por vir. Chegando ao templo, a vista panorâmica da cidade de Kyoto se revelou em toda a sua grandiosidade. O salão principal, suspenso por pilares de madeira, parecia flutuar sobre a encosta. Lá em cima, a imensidão da vista convidava à introspecção. Rezei pela sabedoria, como muitos fazem, e senti que ali, naquele lugar sagrado, o tempo corria em uma cadência diferente.

De Kyoto, embarquei em uma curta viagem até Nara, uma cidade que guarda uma aura de serenidade e tradição. Ao chegar ao parque de Nara, fui recepcionado pelos famosos cervos que perambulam livremente pelos campos e jardins. A convivência entre os cervos e os visitantes é um espetáculo à parte; alimentá-los com biscoitos especiais e vê-los fazer uma pequena reverência em troca é algo único. Seguindo em frente, cheguei ao Todai-ji, um dos maiores templos budistas do Japão, que abriga uma colossal estátua de Buda. Estar diante daquela figura imponente foi um momento de reverência silenciosa, uma sensação de pequenez diante da grandiosidade da cultura e espiritualidade japonesa.

Ainda em Nara, decidi experimentar um prato de okonomiyaki, uma espécie de panqueca japonesa feita com repolho, carne, frutos do mar e coberta com molho agridoce e maionese. O sabor era reconfortante, uma mistura perfeita de texturas e sabores.

O retorno a Kyoto trouxe de volta a tranquilidade de seus templos e ruas, e finalizei minha viagem com uma caminhada pelo bairro de Gion ao entardecer. As gueixas, com seus quimonos coloridos e passos graciosos, deslizavam pelas ruas de pedra, trazendo à vida um Japão que parecia existir apenas em contos e histórias. A mistura entre o antigo e o novo, o tradicional e o moderno, permeava cada canto da cidade.

À medida que o sol começava a se pôr, decidi visitar o Fushimi Inari Taisha, o templo conhecido por seus milhares de portões vermelhos. Subir a montanha entre aqueles toriis foi como entrar em uma jornada pessoal. A cada passo, sentia uma espécie de transformação interna, como se aqueles arcos abrissem caminho para reflexões mais profundas. O silêncio ali era preenchido apenas pelo som do vento e dos pássaros, como se o próprio santuário estivesse em harmonia com a natureza ao redor.

Kyoto e Nara foram uma jornada por camadas profundas da alma do Japão. A cada templo, a cada paisagem, senti que estava não apenas conhecendo lugares, mas também absorvendo uma sabedoria milenar, onde a harmonia entre o homem e a natureza, entre o passado e o presente, é cuidadosamente preservada. Levei comigo uma paz que parecia ter sido esculpida nas pedras dos templos e uma memória viva da beleza do Japão que continuará a me inspirar por muito tempo.

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