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Associações de bairro contra a gentrificação
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Arquiteta, é idealizadora do Estar Urbano - Ateliê de Arquitetura e Urbanismo, que já recebeu oito premiações na Casa Cor Ceará. Docente da Especialização em Arquitetura Sustentável da Universidade de Fortaleza (Unifor)

Associações de bairro contra a gentrificação

As associações de bairro emergem como atores essenciais na proteção das comunidades, articulando estratégias para frear a especulação imobiliária e preservar a identidade local

A gentrificação é um processo que acontece em todas as grandes cidades do Brasil. Ele é marcado pelo aumento do custo de vida nos grandes centros urbanos e pela substituição de moradores tradicionais por grupos de maior poder aquisitivo. Isso é um desafio urbano global. As associações de bairro emergem como atores essenciais na proteção das comunidades, articulando estratégias para frear a especulação imobiliária e preservar a identidade local. Sua atuação vai desde a pressão por políticas públicas até a valorização da cultura comunitária.

É um poder das associações mobilizar moradores para exigir leis que garantam a construção de unidades habitacionais populares e a regulamentação de aluguéis, por exemplo. A pressão coletiva por instrumentos como o Estatuto da Cidade ou ZEIS obriga o poder público a priorizar a permanência de famílias de baixa renda, além da criação de fundos do governo para subsidiar reformas em imóveis antigos, evitando que proprietários vendam a investidores.

Tem também modelos como *Community Land Trusts* (CLTs), onde a terra é gerida coletivamente e impedem a especulação. Associações podem intermediar a formação dessas cooperativas, adquirindo terrenos ou prédios para alugar ou vender a preços acessíveis, vinculando contratos a critérios de renda. Essa estratégia assegura moradia de longo prazo e desconecta o direito à cidade da lógica de mercado.

Seu papel é cotidiano! Quando promove feiras de produtores locais, incentivar pequenos comércios ou criam moedas sociais, as associações reduzem a dependência de grandes redes varejistas que elevam custos. Campanhas como "Compre do Vizinho" fortalecem laços econômicos internos, dificultando a chegada de negócios elitizados que aceleram a gentrificação.

A identidade de um bairro é um antídoto contra a homogeneização e a pressão do mercado imobiliário. Ações como mapear histórias orais, criar museus comunitários e organizar festivais que celebrem tradições do lugar é o verdadeiro reconhecimento cultural do nosso povo, que conecta e reafirma a razão de ficar.

Importante dizer que a luta contra a gentrificação não deve rejeitar todo desenvolvimento, mas buscar equilíbrio entre progresso e equidade. Porque as associações de bairro não são apenas resistência, mas proposição. Ao transformar a comunidade em sujeito político, elas redefinem quem tem o direito de moldar a cidade - e para quem a cidade deve servir.

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