
Cientista política e professora do Centro Universitário Tiradentes (AL). Pesquisadora associada aos grupos de pesquisa
Cientista política e professora do Centro Universitário Tiradentes (AL). Pesquisadora associada aos grupos de pesquisa
Os grupos e partidos políticos de extrema direita, embora, a depender do contexto, apresentem variações, em geral, representam as agendas ultraconservadoras, autocráticas, nacionalistas, autoritárias e negacionistas no campo da política. A volta dessas agendas nos cenários nacionais não é algo recente, são grupos que estão organizados ao menos a uma década, e que continuarão crescendo mundialmente se a sociedade civil e os atores políticos do campo democrático não permaneçam vigilantes e façam grandes acordos para conter a ascensão da extrema direita.
É o que vimos nos resultados do segundo turno das eleições legislativas na França. Após os partidos de extrema direita terem crescido no Parlamento Europeu e formarem maioria relativa nas eleições de primeiro turno na França as forças políticas francesas do centro, da esquerda e da extrema esquerda se juntaram na coligação Nova Frente Popular (NFP). Mas não foi apenas esse arranjo que barrou a resultado esperado da extrema direita, outros foram determinantes para esse resultado.
Um deles foi o incentivo à mobilização popular, à participação política, inclusive de atores de fora da política formal, como os jogadores da seleção de futebol francesa, a exemplo do excelente jogador Mbappé. Em maioria, jogadores ligados a grupos imigrados, logo os mais perseguidos pela extrema direita, demonstraram consciência social e política ao aderirem a mobilização social e se manifestarem politicamente. O efeito da mobilização e do debate público que chegou até o futebol foi uma maior participação política nas eleições.
Outra estratégia, permitida pelo sistema de governo semipresidencialista francês, foram os partidos da coligação Nova Frente Popular priorizarem as candidaturas mais competitivas no sistema eleitoral majoritário. Este fato pode, juntamente com a maior participação eleitoral, explicar a mudança que ocorreu no segundo turno. Um outro mecanismo que afeta a política de fake News utilizada pelos grupos de extrema direita têm sido a promoção e a expansão, infelizmente ainda em menor escala, do jornalismo de dados.
O fortalecimento do jornalismo de dados, alinhado com evidências científicas, pode, ao longo do tempo, levar ao fortalecimento da cultura democrática, do controle social e de um maior envolvimento da população com os problemas e questões racionais da política, bloqueando
a desinformação. n
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