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Encontro marcante com Alan Neto e seu legado imortal na crônica esportiva
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Lucas Mota é repórter de Esportes de O POVO. Estudou jornalismo na Universidade 7 de Setembro e na Universidad de Málaga (UMA). Ganhou o Prêmio CDL de Comunicação na categoria Webjornalismo e o Prêmio Gandhi de Comunicação na categoria Jornalismo Impresso, e ficou em 2º lugar no Prêmio Nacional de Jornalismo Rui Bianchi

Lucas Mota esportes

Encontro marcante com Alan Neto e seu legado imortal na crônica esportiva

Acanhados no estúdio, e ao mesmo tempo encantados, estávamos nós, alunos que sonhavam um dia seguir carreira na crônica esportiva, com os olhos vidrados no maquinista do Trem
Alan Neto deixa legado imortal na crônica esportiva cearense (Foto: Acervo O POVO)
Foto: Acervo O POVO Alan Neto deixa legado imortal na crônica esportiva cearense

Meu primeiro encontro com Alan Neto aconteceu em meados de 2011. Jamais esqueci daquele dia. Pude ver de perto a "magia" e o "caos" do Trem Bala sendo conduzido ali na minha frente pelo icônico jornalista no estúdio da Rádio O POVO CBN, ainda sediado na Praia de Iracema. Fiquei encantado.

Na época, estava engatinhando na comunicação, nos primeiros semestres da faculdade. Naquele ano, me matriculei na disciplina optativa de "Jornalismo Esportivo". O professor Dilson Alexandre, ex-repórter esportivo do O POVO, preparou uma experiência externa para os alunos: acompanhar in loco o Trem Bala ao vivo na rádio.

Como um aficionado pelo futebol, eu devorava tudo relacionado ao esporte local. E, é claro, já era um fiel ouvinte do "Trem Bala", o programa esportivo mais agitado do rádio cearense.

Quando entramos no estúdio, o Trem Bala já estava em pleno vapor. Alan Neto, com sua energia inesgotável, comandava o espetáculo, gesticulando, fazendo caretas, soltando suas bombas de milmegatons, conduzindo os colegas de programa como um maestro, ditando o ritmo frenético nas ondas da O POVO CBN.

"E o Trem Bala não para, não para, não para, nem a pau, nem a bala", entoava Alan com energia contagiante.

Acanhados no estúdio, e ao mesmo tempo encantados, estávamos nós, alunos que sonhavam um dia seguir carreira na crônica esportiva, com os olhos vidrados no maquinista do Trem.

O estúdio "tremia" com a voz marcante de Alan. O tom lá em cima o tempo todo. O Trem Bala fervia dentro do estúdio naquele início de noite.

Saímos da sede da rádio e fomos tomar um chopp em um dos bares da região. Todos nós impactados com a forma que Alan comandava o Trem Bala: o irreverente, polêmico e informativo.

Aquele encontro foi uma grande motivação. Foi a certeza de que o jornalismo esportivo seria o trilho da minha vida.

Jamais esqueci daquele dia.

Mais de dez anos depois, tive a honra de substituir o Alan na apresentação do Trem Bala, no canal do O POVO do Youtube, por conta da sua internação. Encarei esta missão com orgulho. Nunca imaginei que um dia comandaria o Trem. Esperava ansioso pelo retorno do maquinista.

Infelizmente, esse retorno não se concretizou. E nesta quarta-feira, 3, o futebol e a crônica esportiva vestem o luto pela partida do icônico Alan Neto.

Sentiremos profundamente a falta de sua irreverência incomparável. Caótico e enérgico no ar. Gentil e doce nos bastidores. Os seus bordões que animavam qualquer torcedor na hora do almoço vão ficar na memória. "Olha o dedo do Trem Bala!"

Seu legado na crônica esportiva é imortal. Descanse em paz, Alan.

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