Logo O POVO+
Enquanto luta por acesso, Ceará vive fracasso no bastidor e na política no clube
Foto de Lucas Mota
clique para exibir bio do colunista

Lucas Mota é repórter de Esportes de O POVO. Estudou jornalismo na Universidade 7 de Setembro e na Universidad de Málaga (UMA). Ganhou o Prêmio CDL de Comunicação na categoria Webjornalismo e o Prêmio Gandhi de Comunicação na categoria Jornalismo Impresso, e ficou em 2º lugar no Prêmio Nacional de Jornalismo Rui Bianchi

Lucas Mota esportes

Enquanto luta por acesso, Ceará vive fracasso no bastidor e na política no clube

Enquanto isso, o torcedor fica à margem, frustrado e impotente, vendo as oportunidades de evolução e modernização escaparem
Tipo Opinião
FORTALEZA, CE, BRASIL, 30-08-2024 - Entrevista com o jogador do Ceará zagueiro David Ricardo (foto: Matheus Souza/O povo) (Foto: Matheus Souza)
Foto: Matheus Souza FORTALEZA, CE, BRASIL, 30-08-2024 - Entrevista com o jogador do Ceará zagueiro David Ricardo (foto: Matheus Souza/O povo)

O Ceará Sporting Club, enquanto luta para retornar à Série A do Campeonato Brasileiro, enfrenta outro drama nos bastidores: a reprovação do anteprojeto de um novo estatuto social. No último dia 4, o Conselho Deliberativo, com uma participação vergonhosa de apenas 87 conselheiros entre os 297 aptos a votar, rejeitou a proposta por uma larga margem. Foram 75 votos contra e apenas 11 a favor, com um voto nulo.

Esse episódio é mais do que um simples revés burocrático, é um reflexo claro da falência da política interna do clube.

O que se vê é a materialização de um fracasso absoluto na gestão e no diálogo entre as lideranças da situação, centrada na figura do presidente do Ceará, João Paulo Silva, e da oposição, com o presidente do Conselho Deliberativo, Hebert Santos.

O resultado? Duas tentativas de aprovação de um novo estatuto em menos de três meses, ambas sem sucesso, e um clube mergulhado em uma guerra de narrativas que só serve para desestabilizar ainda mais a instituição.

O mais trágico é que o principal ponto do anteprojeto — a concessão do direito de voto ao sócio-torcedor — é uma pauta que, se aprovada, poderia marcar um avanço democrático e engajamento da torcida nas decisões do clube. Ao rejeitar essa proposta, o Ceará se afasta de uma gestão mais moderna e participativa, um movimento que poderia fortalecer o vínculo entre o clube e a sua apaixonada massa alvinegra.

Contudo, a falta de diálogo e de alinhamento entre os dois grupos políticos deixa o clube paralisado. O discurso de ambas as partes é de que querem o bem do Ceará, mas a realidade é outra. O que se vê é uma sequência de trocas de acusações e farpas públicas, que, em vez de buscar o consenso, alimentam ainda mais o caos.

Enquanto isso, o torcedor fica à margem, frustrado e impotente, vendo as oportunidades de evolução e modernização escaparem. É um cenário em que as rivalidades internas sabotam qualquer tentativa de progresso. A pergunta que fica é: quem realmente está preocupado com o bem do Ceará? Pois, até agora, a única resposta palpável é que o clube, tanto dentro como fora de campo, está pagando caro pela intransigência e pela incapacidade de dialogar.

Se essa guerra interna persistir, o Ceará corre o risco de se manter estagnado, tanto em termos administrativos quanto esportivos. A Série B já é um desafio suficientemente grande; um clube com um futuro incerto, ainda mais. É urgente que as lideranças coloquem de lado as divergências pessoais e passem a agir em prol da instituição, sob o risco de prolongarem uma crise que só tende a piorar.

Foto do Lucas Mota

Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?