Racha da imprensa: o dia que fomos humilhados na bola
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Lucas Mota é editor-chefe de Esportes do O POVO e da rádio O POVO CBN. Estudou jornalismo na Universidade 7 de Setembro e na Universidad de Málaga (UMA). Ganhou o Prêmio CDL de Comunicação na categoria Webjornalismo e o Prêmio Gandhi de Comunicação na categoria Jornalismo Impresso, e ficou em 2º lugar no Prêmio Nacional de Jornalismo Rui Bianchi
Racha da imprensa: o dia que fomos humilhados na bola
A glória do outro lado foi construída de maneira justíssima. Depois, analisando friamente, entendi que nosso adversário enfrentou uma galinha de pescoço quebrado
Foto: Arquivo Pessoal
O POVO e o Futebolês estiveram frente a frente em jogo amistoso. O resultado foi nada bom
Caro leitor, não siga adiante. O que relatarei nas linhas abaixo te levará a tentar reproduzir na imaginação cenas absurdamente bizarras e assustadoramente traumáticas de um time de futebol que desafia os níveis de ruindade já conhecidos.
Fomos massacrados pelo Futebolês por 5 a 1 no racha da imprensa. Um baile sob um dilúvio mandado por São Pedro numa noite escura de Fortaleza. Estávamos debaixo d'água na nona maior chuva que a capital cearense já recebeu. Sim, pura irresponsabilidade.
A glória do outro lado foi construída de maneira justíssima. Depois, analisando friamente, entendi que nosso adversário enfrentou uma galinha de pescoço quebrado. Fomos espancados tipo a surra do Popó sobre Whindersson. Clima amigável, mas só um sorri, enquanto o outro fica humilhado, de olho roxo, e vira motivo de chacota.
No meu caso, um joelho extremamente ralado. Com dois minutos de jogo, fui derrubado para fora do terrível tapete de concreto do society numa disputa de bola. Parecia que tinha caído de moto num acidente de trânsito. Passei o restante da partida com o joelho aberto e sangrando.
Nos dias seguintes, descobri que apenas sete dias de antibióticos curariam meu joelho infeccionado. No jogo, nem falta foi. Era o primeiro sinal da ladeira abaixo que o time do O POVO estava prestes a descer sem freio e sem qualquer tipo de controle.
A turma do Futebolês se vangloriou pelo placar, construído com méritos, mas também pelo fato de que o time deles estava na conta do chá. Eram cinco na linha, um goleiro e nada mais. Enquanto o nosso Azulão de escrita impecável — porém com pés problemáticos —, tinha jogador de sobra no banco de reservas.
É injusto levar em consideração este fator como superação de um lado e incompetência do outro. Na verdade, poderia espremer nosso numeroso escrete que não caía uma gota de qualidade. Tínhamos problemas de coordenação motora, o que dirá táticos ou técnicos.
Não tínhamos pose de jogador, muito menos posse de bola. Teve gente descalça, numa deselegância descomunal com a redonda nos pés. Teve "atleta" nosso que entrou em campo, fez quatro faltas seguidas e foi expulso. Um horror sem fim.
Fernando Graziani cometeu o ato absurdo de sair de casa para assistir a esta peleja. Passou uma semana tendo pesadelos com as cenas grotescas vistas.
Agora, uma marca de nosso time é a soberba. E nisso nos orgulhamos, somos referência. Enquanto não entramos em campo, somos os melhores. Na roda de conversa pré-jogo, somos bichos. "Vamos massacrar", "Aquele timeco não se cria com a gente", "Coitados deles" são algumas frases que nossa equipe gosta de esbanjar. Que venha o Jogada agora, porque a pisa vai ser grande: 5 a 0 pra gente, fora o baile.
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