Âncora e coordenador de Jornalismo da rádio O POVO CBN Cariri Já foi repórter da rádio O POVO CBN Cariri, em Juazeiro do Norte, e da rádio O POVO CBN, em Fortaleza. Atuou também no jornal O POVO, nas editorias de Cidades e Política. Atualmente, também é colaborador da editoria de Veículos do portal O POVO. Formado na Universidade Federal do Cariri (UFCA)
A Azul alega que a medida faz parte de uma reestruturação interna. Enfiou decisão pragmática goela abaixo das autoridades cearenses e da própria administradora do aeroporto, os últimos a saberem — pela imprensa — da canetada
Desde que foi concedido à iniciativa privada, em 2019, o aeroporto Orlando Bezerra de Menezes, em Juazeiro do Norte, assumiu papel de âncora do desenvolvimento regional. Até 2050, a concessionária Aena Brasil deve investir cerca de R$ 200 milhões no aeródromo regional. Mas tudo isso está na iminência de ir “céu abaixo” diante do isolamento aéreo imposto pelas companhias aéreas ao Cariri.
O golpe recente (e mais duro) foi aplicado pela Azul, que decidiu encerrar os voos de Juazeiro a Fortaleza e Recife a partir do dia 10 de março. Alegou que a medida faz parte de uma reestruturação interna. Enfiou decisão pragmática goela abaixo das autoridades cearenses e da própria administradora do aeroporto, os últimos a saberem —pela imprensa— da canetada.
O diretor de relações institucionais da Aena, Marcelo Bento, disse-me que a empresa foi pega de surpresa. E não é para menos. Não havia ambiente para cortes. Pelo contrário. Os voos em questão tinham ocupação média entre 80% e 90%. A demanda era constante, apesar do valor das passagens nas alturas.
Subitamente, a Azul embarca o Orlando Bezerra rumo a uma zona cinzenta. Deixa o aeroporto sem as únicas ligações aéreas para duas das capitais mais importantes do Nordeste. Aparta o Cariri de Fortaleza, cuja rota foi criada em 1950.
Sem avião no céu, o potencial econômico da região mais rica fora da Capital cearense cai por terra. O desastre é econômico. As vítimas? Hotéis, bares, restaurantes, universidades, centros comerciais… os empregos.
Na iminência do pior, a classe política se mexe para reverter o quadro dramático. Em Brasília, os deputados André Figueiredo (PDT), José Guimarães (PT) e Eunício Oliveira (MDB) levaram a angústia para a mesa do chefe da Casa Civil, Rui Costa, e do ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos).
O governador Elmano de Freitas (PT) atua em outra frente. Disse ter proposto subvenção econômica à Azul —sem revelar valores, mas o possível acordo ainda não decolou. Se nada evoluir para voos (a razão de ser de um aeroporto), o aeroporto do Cariri terá o isolamento como destino e a incerteza no caminho.
Nos últimos seis meses, o terminal aéreo do Cariri teve outras duas baixas em rotas diretas: Juazeiro-Brasília (Gol) e Juazeiro-Fortaleza (Voepass). Restam apenas dois voos diários para Guarulhos e um para Campinas. Até quando, ninguém sabe. A síndrome do voo de galinha não pode contaminar o aeroporto que leva ao alto a economia do Cariri.
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