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Saudades sem retorno
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Lúcio Brasileiro é memória viva da sociedade fortalezense. Mantém coluna diária no O POVO e programa na Rádio O POVO CBN. É apontado como o jornalista diário mais antigo do mundo.

Lúcio Brasileiro comportamento

Saudades sem retorno

Sobre a saudade que eu gosto de ter
COM uma colega nipônica, aprendendo francês na França (Foto: acervo pessoal)
Foto: acervo pessoal COM uma colega nipônica, aprendendo francês na França

Os quatro anos que estudei no Cavilam de Vichy, todos em pleno inverno europeu.

Hotel Glória, do Rio, onde morei um quarto de século, sendo outro beiçante o José Sarney, então deputado federal.

O Cumbuco dos meus primeiros tempos, com casa sem portas nem janelas, e também sem assaltantes.

Não ter aceito entrar nas listas que por aqui circulavam no Governo Jango, era só querer, e sairia nomeado para Dnocs, Saneamento, DNER e Correios.

Haver apoiado o coronel Murillo Borges para prefeito, que não me deu nenhuma bola após eleito, mas foi um dos melhores cinco que a cidade já teve.

Visitando o prefeito do Rio, no Palácio Laranjeiras, acompanhando as candidatas a Miss Elegante Bangu.

Haver visitado o coronel Hélio Lemos, uma manhã cedinho, que se hospedava no Colégio Militar da Praça Cristo Rei.

Haver frequentado o restô e pousada da dona Mariinha, por trás da Capela de São Pedro, em Iracema, que servia o melhor filé da cidade.

Haver sentado na mesa onde se reunia o fino da reportagem esportiva na churrascaria do Leme, onde conheci fabuloso Nelson Rodrigues.

Ter comido as maiores ostras do mundo na Barra da Tijuca, em companhia dos meus amigos Lurdes e Luiz Gentil.

Ter frequentado a Praia do Peró, em Cabo Frio, enchendo a cara de gim, e depois almoçando e ouvindo Na Casa de Irene..., propriedade de duas moças, sendo uma morena e outra loura.

Ter sido levado pelo deputado Vilmar Pontes e sua mulher Simone Salgado para jantar num dos melhores restaurantes que o Rio já teve, Ariston, em Copacabana.

Comer lagosta, pela primeira vez na vida, a convite do Ernest Greiner, filho de holandês com chinesa, e pioneiro da pesca do fabuloso crustáceo no Acaraú.

Antes de ser cronista, ter entrado, literalmente, pela porta da cozinha, em baile do Ideal.

Ter feito parte do grupo de jornalistas contratados por Bonaparte Maia para seu jornal (O Jornal), que só durou o tempo de uma gestação, nove meses.

Induzido o comandante da Décima Região, general Jaime Portela, a promover sua despedida do Quartel-General na única festa a rigor na Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção.

Presente ao campo do Barcelona, na estreia do Romário, e aplaudir os três gols que ele assinalou.

Atravessar o Canal da Mancha, entre Bavos e Calé, antes da existência dos túneis, que depois também usei.

Ter levado um grupo de senhoras da mais alta sociedade para conhecer o Frifort, do amigão José Macêdo.

Ter apresentado no Programa Flávio Cavalcanti, em rede nacional, direto da Estância, uma das belezas da época, Lurdes Tavares, que Dener comparou a Greta Garbo.

 

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