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Deputados também biscoitam
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Magela Lima é jornalista e professor do Centro Universitário 7 de Setembro, doutor em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia

Magela Lima opinião

Deputados também biscoitam

Célio Studart, e qualquer outro político, têm todo o direito do mundo de biscoitar, não há problema algum nisso. O limite, além do bom senso, em caso de postagens contratadas, é o respeito ao dinheiro público
Tipo Opinião

Fazia tempo que não ouvia uma história tão boa (leia-se, absurda) quanto a do impulsionamento de fotos sem camisa do deputado federal Célio Studart (PSD) nas redes sociais. Eleito vereador de Fortaleza em 2016, com pouco mais de 38 mil votos, conduzido e reconduzido em seguida à Câmara Federal superando os 200 mil, o parlamentar sempre foi lembrado pela dedicação à causa da proteção dos animais. Quando escuto falar de Célio Studart, a primeira imagem que vem à cabeça é sempre dele com algum doguinho no colo. De preferência, um caramelo bem raiz.

Eis que, agora, o deputado parece investir na construção de uma nova imagem. O rebranding aposta numa versão, digamos, mais sensualizada. Conforme apurou a reportagem do O POVO, o investimento da ordem de R$ 40 mil teria movimentado o perfil de Célio Studart no Instagram com publicações voltadas para mulheres com idade entre 18 e 34 anos. Problema nenhum, não fosse o fato de esse dinheiro não ser privado, mas, sim, público. Creio eu, porém, que o Ministério Público e o Tribunal Regional Eleitoral tenham mais do que se ocupar. No entanto, me causa espanto a ideia de que uma foto sem camisa mobilize o eleitorado feminino.

Célio Studart e qualquer outro político tem todo o direito do mundo de biscoitar. O também deputado federal Marcelo Calero (PSD), atual secretário de Cultura do Rio de Janeiro, por exemplo, faz isso o tempo inteiro, deliberadamente. Erika Hilton (Psol), deputada por São Paulo, é outra que biscoita com gosto. Vem aí a bancada do biscoito? Repito: não há problema algum nisso. O limite, além do bom senso, em caso de postagens contratadas, é o respeito ao dinheiro público. Se bem que há gasto de verba parlamentar muito mais particular e muito mais descabido.

De todo modo, não vejo a hora de chegar 2026 para que as urnas revelem qual dos Célio Studart tem melhor desempenho: se o de peito à mostra ou o herói dos vira-latinhas. Chega a ser risível a tese de que as postagens impulsionadas pelo deputado para o público feminino jovem tenham cunho político/eleitoral. É um flerte. Uma tentativa de flerte, aliás. Nada mais comum nos dias atuais. As redes sociais, dentre mil utilidades, também servem como lugar de paquera. Tudo certo, não fosse a origem do investimento. Cada um que arque com o seu próprio biscoito e seja feliz.

 

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