
Magela Lima é jornalista e professor do Centro Universitário 7 de Setembro, doutor em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia
Magela Lima é jornalista e professor do Centro Universitário 7 de Setembro, doutor em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia
Era o mundo todo roendo as unhas por conta da estreia mundial de "Motel Destino", novo longa-metragem do cearense Karim Aïnouz, e eu só queria saber de Arthur Gadelha. Ele também passou pelo tapete vermelho de Cannes, também caprichou na gravata borboleta e fez uma cobertura linda para as páginas físicas e virtuais deste O POVO. Conheci Arthur na sala de aula. Com o jornalismo tão açoitado, hoje é raro encontrar aquele perfil de aluno que ainda sonha em ser repórter. Artur sempre sonhou, ele sempre sinalizou para onde queria seguir.
Quando vejo Arthur cobrindo um festival de cinema internacional, fazendo pergunta na coletiva, eu fico numa felicidade que não cabe em mim. Tem uma realização objetiva, de ver um aluno conquistando seu espaço profissional, mas tem, ainda, uma realização que é da ordem do subjetivo. Arthur Gadelha cobre cinema com o entusiasmo que eu cobria teatro há mais de 20 anos, quando conheci as dores e as delícias das redações de jornal. Arthur me esperança e me embarga a voz porque me revela que o jornalismo que eu gosto de ler e de fazer não morreu.
Na dinâmica da cultura, é bastante sintomático imaginar que o jornalismo não participe de forma acentuada nas diversas redes de criação e fruição. Pensar que o cinema cearense vá a Cannes sem que o jornalismo cearense pudesse acompanhar e participar desse momento é algo obtuso. Foi fundamental a presença e o olhar de Arthur Gadelha para nos fazer festejar e entender a importância de "Motel Destino".
Arthur sabe como o filme foi feito, conhece a realidade da Escola Porto Iracema, sem a qual a história do longa seria outra. Arthur tem essa intimidade fronteiriça e honesta que o melhor jornalismo tem com os temas que se propõe a dar conta.
Parte do meu desejo de ver "Motel Destino", de querer encontrar um Karim Aïnouz cearense mais para "O céu de Suely" que para "Praia do Futuro", da minha torcida por Iago Xavier, tem a ver com a escrita de Arthur Gadelha. Eu vou sempre olhar o filme e lembrar que foi ele que o levou a Cannes, mesmo que "Motel Destino" fracasse no julgamento final das planilhas das distribuidoras e exibidoras de cinema. É muito bom ver que o Ceará tem talento e competência para cruzar fronteiras. É muito bom ver que o cinema cearense e o jornalismo cearense podem ir mais longe. n
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