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A Yuri o que é de Yuri
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Magela Lima é jornalista e professor do Centro Universitário 7 de Setembro, doutor em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia

Magela Lima opinião

A Yuri o que é de Yuri

Com texto de Rafael Martins, outra joia que o Bagaceira nos deixou de herança, e Ícaro Eloi, Leonardo de Sá, Eurico Mayer e Jadeilson Feitosa, no elenco, a produção tem uma assinatura muito marcante, desde os mínimos detalhes.
Tipo Análise
Magela Lima, jornalista e professor do Centro Universitário 7 de Setembro (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Magela Lima, jornalista e professor do Centro Universitário 7 de Setembro

Poucas pessoas mexeram tanto com a cena do Ceará desde a chegada destes 2000 quanto ele. Yuri Yamamoto é uma dessas figuras mágicas do mundo do teatro. Não há recurso que a cena lhe cobre que ele não a entregue com maestria. Alma do saudoso Grupo Bagaceira, responsável por tipos e imagens que o tempo nunca há de apagar, Yuri transborda um talento que leva o teatro, essa arte tão antiga e artesanal, a se revirar em busca de novas soluções. Sumido dos palcos, ele retoma agora sua criação em parceria com o Grupo Blitz, de Jadeilson Feitosa.

Encerrando sua primeira temporada na Casa Absurda neste último fim de semana, com direito à sessão extra, o espetáculo "Sala Vazia" tem o mérito de reinserir Yuri Yamamoto num lugar do qual ele nunca poderia se distanciar. Nosso teatro é mais feliz com ele. Mesmo nas coxias. Com texto de Rafael Martins, outra joia que o Bagaceira nos deixou de herança, e Ícaro Eloi, Leonardo de Sá, Eurico Mayer e Jadeilson Feitosa, no elenco, a produção tem uma assinatura de Yuri muito marcante, desde os mínimos detalhes.

O teatro de Yuri Yamamoto é um teatro de imagens. Ele sabe encher a cena de objetos, sons, movimentos de luz, sem que nada pareça desnecessário. Yuri é capaz de construir um mundo novinho em folha com um toco de giz. O teatro de Yuri é sensível e engraçado. Yuri mistura graça com choro como ninguém. O teatro de Yuri tem um realismo que não é realista, tem uma temporalidade que não é datada, tem uma inteligência que não arrogante. O teatro de Yuri, ainda mais quando encontra o teatro de Rafael Martins, seu amigo e parceiro de tantas ousadias, tem um fluxo meio borrado, um tanto de sonho, um tanto de vida.

Que falta você nos faz, meu amigo. Volte mais, volte sempre. O teatro é sua casa. "Sala Vazia" nem parece um projeto independente, um desbunde do Grupo Blitz. A montagem repousa na tranquilidade de afinidades muito antigas. Jadeilson Feitosa e Rafael Martins chegam, agora, ao terceiro trabalho seguido juntos. Antes, fizeram "En Passant", que tinha cenário e figurino de Yuri, em 2007, e "Foi - uma peça em pedaços", de 2011. "Sala Vazia" é uma aventura de amores e desamores, encontros e desencontros, é a história íntima de todos nós. É, sobretudo, o pretexto delicado e poderoso para aplaudir Yuri Yamamoto mais uma vez. Ele merece.

 

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