
Magela Lima é jornalista e professor do Centro Universitário 7 de Setembro, doutor em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia
Magela Lima é jornalista e professor do Centro Universitário 7 de Setembro, doutor em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia
Quando o presidente Lula apresentou sua equipe para o terceiro governo, dois nomes brilharam entre os ministros anunciados. Eram as pessoas certas, definitivamente, no lugar certo e na hora certa. A jogadora de vôlei Ana Moser não resistiu às pressões da política e deixou o Ministério do Esporte ainda no primeiro ano da gestão. Ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania por um ano e nove meses, o professor Sílvio Almeida acaba de deixar a equipe em meio a denúncias gravíssimas de assédio sexual. É o fim do Lula 3.
Sim, na República Federativa do Brasil, este país tão poderoso do sul global, a população preta segue sendo perseguida a todo momento. Pretos anônimos são julgados e condenados, sem direito à defesa e de forma imediata, pelos delitos os mais variados. Pretos famosos, por sua vez, são cobrados, exaustivamente, a justificar suas posições de prestígio, como se não fossem dignos o suficiente do destaque que ostentam. É preciso que se tenha isso em consideração em meio à forte repercussão das denúncias feitas à ONG Me Too Brasil contra o ministro Silvio Almeida. Desde a redemocratização, o Brasil soma apenas 24 ministros pretos.
É urgente, evidentemente, que se apure, com todo o rigor possível, as acusações. É urgente que se respeite e legitime, com toda a atenção e zelo, a voz das mulheres que procuraram a Me Too Brasil, uma instituição idônea aqui e mundo afora. De todo modo, não há como negar o peso, inclusive simbólico, da personalidade, imagem e currículo de Sílvio Almeida, um renomado intelectual preto. Comprovadas as denúncias, a execração do ministro preto será outra. É fato. O Brasil já assistiu, com menos calor, outras denúncias de assédio por integrantes (brancos) da cúpula do Governo Federal.
É preocupante e estarrecedor todo esse episódio. Não se trata de uma acusação isolada, o que já seria grave e merecedor da devida investigação. Há um conjunto de mulheres oprimidas nesse lugar de sofrimento que precisam ser ouvidas. Uma delas, inclusive, ministra de Estado e preta, como o próprio Sílvio Almeida. É tudo muito ruim. Para as vítimas. Para o acusado. Sobretudo, para o Brasil. O episódio surge de onde menos se esperava, maculando uma personalidade, até aqui, fundamental para organizar o presente e o futuro do nosso País.. n
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