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E vamos de prefeito Qualquer Coisa outra vez
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Magela Lima é jornalista e professor do Centro Universitário 7 de Setembro, doutor em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia

Magela Lima opinião

E vamos de prefeito Qualquer Coisa outra vez

Ganhar como um "qualquer coisa" acaba sendo uma vitória insossa, que tem fragilizado o prefeito eleito no trato com a Câmara de Vereadores

Já são 20 anos. Nada menos que seis pleitos consecutivos, cinco deles com a disputa indo ao segundo turno. Em todos, o eleitor de Fortaleza tem sido colocado diante do mesmíssimo impasse. Temos eleito prefeitos, Roberto Cláudio e José Sarto, e prefeita, Luizianne Lins, numa lógica de redução de danos. Escolhemos o menos pior, como se diz.

Começamos com o "qualquer coisa menos o Moroni", passamos ao "qualquer coisa menos o PT" e seguimos na toada do "qualquer coisa menos o Capitão". A novidade de 2024 é que o qualquer coisa de agora vale para qualquer um dos dois postulantes.

André Fernandes anima o mesmo "qualquer coisa" que concorreu contra o derrotado Capitão Wagner desde sempre. Há que se registrar, justiça seja feita, que Wagner, quando surgiu no nosso mapa político, já herdou boa parte da rejeição de quando o "qualquer coisa" era opção a Moroni Torgan.

Evandro Leitão, mesmo cheirando a leite no PT, embala um "qualquer coisa" histórico nas eleições de Fortaleza. Apesar de ter reinaugurado a democracia com a vitória surpreendente de Maria Luiza Fontenele em 1985, o "qualquer coisa menos o PT" tem se mostrado um clássico em todas as campanhas, só vencido por Luizianne Lins.

Há que se lamentar que uma cidade com tanta potência como Fortaleza não consiga refletir isso no horizonte de suas disputas eleitorais. Ganhar como um "qualquer coisa" acaba sendo uma vitória insossa, que tem fragilizado o prefeito eleito no trato com a Câmara de Vereadores.

A seu tempo, perder do "qualquer coisa" também inviabiliza a rotina das oposições, que nunca conseguem firmar uma liderança efetivamente influente. É um cenário preocupante, sobretudo, por dar conta de uma espécie de desânimo da nossa vida pública. Tanto não ligamos para o prefeito que nos contentamos com "qualquer um".

Até o dia 27, André Fernandes e Evandro Leitão vão usar de todas as estratégias para performar uma excelência nesse lugar do "qualquer coisa". Teremos momentos intensos de uma batalha para insuflar rejeições. Pelo que se viu desde o começo da campanha, André demonstrou lidar melhor com os reveses que sabe que tem. Apanha, mas bate com gosto. Evandro aposta numa fórmula bem-sucedida e enfadonha, que não sabe bem se é pedra ou vidraça. Pela primeira vez, teremos um embate de dois "qualquer coisa". n

 

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