Mailson Furtado é escritor, dentre outras obras, de À Cidade (livro vencedor do Prêmio Jabuti 2018 – categorias Poesia e livro do Ano). Em Varjota-CE, fundou a CIA teatral Criando Arte, em 2006, onde realiza atividades de ator, diretor e dramaturgo, e é produtor cultural da Casa de Arte CriAr. Mailson escreve, quinzenalmente, crônicas sobre futebol e outros temas
Havia um senhor que me fazia rir falando de futebol. Um senhor falando que meu lugar, sim, era motivo de notícia. E assim, por culpa daquele senhor, descobri muito de meu próprio mapa
Foto: Reprodução/YouTube da TV Ceará
Conhecido por seu carisma e irreverência, Belmino iniciou sua carreira em 1965
O último sábado, 6, amanheceu sem saber direito a que veio. Esmorecido, acordou faltando-lhe um tanto. Afinal, aquele senhor que, por algumas décadas, diariamente, na hora do almoço, vinha nos fazer companhia com muita informação, regada com humor e molecagem cearense, partiu, o nosso Sebastião Belmino.
Digo nosso pois Belmino, de tão espontâneo, dava-nos a liberdade de senti-lo como um parente, mesmo praqueles que como eu não o conheceram pessoalmente.
Como comunicador foi o maior que vi. E não apenas no esporte. Inventivo, trouxe o Ceará e o cearense para o centro de sua produção, longe de estereótipos ou caricaturas a tentarem traduzir os mugangos e nosso jeito de fazer rir. Sebastião Belmino apenas era o que era e tudo bastou.
Vez ou outra me pego contando piadas que primeiro ouvi com Belmino n’A Grande Jogada. Vez ou outra me pego mangando de gols marcados em times rivais com o famoso “e tome pufo! E tome pufo! E tome pufo!”.
E mais recentemente, pensando um pouco mais sobre o futebol e esporte cearense nas últimas décadas e seu alavancar imenso no período, o quanto importante foi o papel de Belmino, com todo seu carisma, a embalar o espaço de muitos de seus companheiros, para que o esporte cearense chegasse a todo Brasil e, principalmente, a todos os cantos do Ceará, nos seus sertões, praias e serras.
Enquanto eu, menino, aprendendo a torcer, em meio a todos os programas advindos da imprensa de outras terras, havia um senhor que falava como alguém que eu escutava na feira, na bodega, nos campos de barro batido no final da tarde.
Havia um senhor que me fazia rir falando de futebol. Um senhor falando que meu lugar, sim, era motivo de notícia. E assim, por culpa daquele senhor, descobri muito de meu próprio mapa. O senhor: Sebastião Belmino.
A partida de Belmino é um desses acidentes na história, essas traquinagens de mau gosto que a morte teima em incomodar dia ou outro. Mas Belmino fica. Na verdade, Belmino está. Pois enquanto existir um cearense mangando, lá ele estará com seu maior legado, a alegria.
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