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Pinto Martins, cores e Sampaio Corrêa
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Mailson Furtado é escritor, dentre outras obras, de À Cidade (livro vencedor do Prêmio Jabuti 2018 – categorias Poesia e livro do Ano). Em Varjota-CE, fundou a CIA teatral Criando Arte, em 2006, onde realiza atividades de ator, diretor e dramaturgo, e é produtor cultural da Casa de Arte CriAr. Mailson escreve, quinzenalmente, crônicas sobre futebol e outros temas

Pinto Martins, cores e Sampaio Corrêa

Pioneirismo cearense na aviação nacional ajudou a dar nome ao mais tradicional clube de futebol do Maranhão
O aviador cearense Euclides Pinto Martins participou do voo que fez a travessia de Nova York até o Rio de Janeiro (Foto: Assembleia Legislativa do Ceará/ Divulgação)
Foto: Assembleia Legislativa do Ceará/ Divulgação O aviador cearense Euclides Pinto Martins participou do voo que fez a travessia de Nova York até o Rio de Janeiro

Era dezembro de 1922, e as ruas de São Luís no Maranhão acordaram em polvorosa para assistir a chegada do voo Sampaio Corrêa II, pilotado pelos pilotos Walter T. Hinton, americano, e Euclides Pinto Martins, cearense de Camocim, que prometiam fazer o primeiro voo transatlântico entre as Américas.

Com algumas intercorrências, o projeto conseguiu cumprir sua meta em 175 dias, saindo de Nova York em 16/8/1922, e amerissando na Baía de Guanabara em 8/2/1923. A travessia foi dividida entre duas aeronaves, a primeira a realizar o trecho até a América Central e a segunda até o destino final. O hidroavião trazia no nome uma homenagem ao presidente do aeroclube do Rio de Janeiro à época, o engenheiro e político José Matoso de Sampaio Correia, que anos antes havia trabalhado no Ifocs (Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas) junto com Pinto Martins, idealizador do arrojado projeto.

Naquela manhã de dezembro na praia do Caju, em São Luís, saem do Sampaio Corrêa II os pilotos Hinton e Pinto Martins, a trajarem macacões e polainas vermelha/branca e verde/amarela, respectivamente, inspiradas nas cores das bandeiras americana e brasileira. Isso bastou para inspirar alguns jovens presentes àquele acontecimento a, um ano depois, terem o nome e as cores de um novo clube de "football" que criariam na cidade, o Sampaio Corrêa Futebol Clube.

Passado um século, o time tornar-se-ia o mais popular e vitorioso do Maranhão, ganhando a simpatia em todo o Brasil por sua singularidade atravessada pela mistura de cores que tanto representam o Brasil, e, de forma afetiva, ser chamado de Bolívia Querida, reconhecido em qualquer lugar do país.

Pinto Martins não viveria para ver tudo isso, morreria um ano depois, em 1924, em um episódio até hoje não explicado. No Ceará, nomeia o maior aeroporto do Estado, embora poucos saibam o seu feito para aviação internacional. Ainda assim, mesmo que de forma inconsciente, muitos seguem a colorir sua paixão às vestes daquele cearense que há 100 anos já trazia a certeza que o mundo era um campo para ser desbravado.

Sampaio Corrêa, o time inspirado por Pìnto Martins(Foto: Jogada 10)
Foto: Jogada 10 Sampaio Corrêa, o time inspirado por Pìnto Martins

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