Mailson Furtado é escritor, dentre outras obras, de À Cidade (livro vencedor do Prêmio Jabuti 2018 – categorias Poesia e livro do Ano). Em Varjota-CE, fundou a CIA teatral Criando Arte, em 2006, onde realiza atividades de ator, diretor e dramaturgo, e é produtor cultural da Casa de Arte CriAr. Mailson escreve, quinzenalmente, crônicas sobre futebol e outros temas
Na última década, rivalidades interestaduais se fortaleceram, principalmente entre clubes cearenses, baianos e pernambucanos, reflexo de suas estruturações
Os últimos dias têm sido marcados por provocações em via dupla de torcedores do Ceará e Sport, que, a apenas duas rodadas para o fim da Série B, disputam a quarta posição na tabela de classificação, que garante a última vaga para o acesso à elite em 2025.
Marcado por outros embates ao longo das últimas temporadas, as duas equipes acirram, com mais este capítulo, esta rivalidade interestadual que só cresce ano a ano.
De forma similar, Fortaleza e Bahia seguiram 2024 inteiro em arengas através de suas torcidas, na briga de quem seria o melhor nordestino na Série A. O Bahia, com investimento externo, mudou seu patamar financeiro, enquanto o Fortaleza, em um trabalho de planejamento esportivo e de gestão, estruturou-se, e ambos, ao subirem o sarrafo de suas metas, incontornavelmente entraram em choque, ampliando a rivalidade.
O futebol nordestino, em sua história centenária, sempre foi marcado por grandes embates, mas, no geral, de maneira mais acentuada, de caráter doméstico dentro dos próprios estados — Fortaleza e Ceará; Sport e Santa Cruz; Bahia e Vitória; CSA e CRB; Treze e Campinense; ABC e América, entre outros.
Na última década, rivalidades interestaduais se fortaleceram, principalmente entre clubes cearenses, baianos e pernambucanos, reflexo de suas estruturações para o futebol praticado nesses dias.
É impossível, porém, não citar a importância do retorno da Copa do Nordeste, a partir de 2013, e seu fortalecimento ano a ano, para oportunizar novos capítulos de tantos confrontos históricos, que, diante de calendários apertados e organizados de acordo com as divisões nacionais, acabam por ficar escassos, esmorecendo rixas ao longo do tempo.
Assim sendo, que tais rivalidades possam, ano a ano, se firmar dentro da experiência cultural do futebol do Nordeste. De preferência, escritas na busca de objetivos positivos de seus clubes dentro das competições que disputam. E mesmo que não, os duelos seguem postos, já para, desde muito antes, tanta história pra contar.
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