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Quanta saudade de festejar o Brasil de Vini Jr. e Fernanda Torres
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Mailson Furtado é escritor, dentre outras obras, de À Cidade (livro vencedor do Prêmio Jabuti 2018 – categorias Poesia e livro do Ano). Em Varjota-CE, fundou a CIA teatral Criando Arte, em 2006, onde realiza atividades de ator, diretor e dramaturgo, e é produtor cultural da Casa de Arte CriAr. Mailson escreve, quinzenalmente, crônicas sobre futebol e outros temas

Quanta saudade de festejar o Brasil de Vini Jr. e Fernanda Torres

Escolha de Vini Jr. como melhor do mundo pela Fifa e vitória de Fernanda Torres no Globo de Ouro reavivam o sentimento de orgulho de ser brasileiro
Vinicius Jr, escolhido melhor do mundo de futebol pela Fifa e Fernanda Torres, escolhida melhor atriz dramática no Globo de Ouro (Foto: Karim Jaafar / AFP e Robyn Beck / AFP)
Foto: Karim Jaafar / AFP e Robyn Beck / AFP Vinicius Jr, escolhido melhor do mundo de futebol pela Fifa e Fernanda Torres, escolhida melhor atriz dramática no Globo de Ouro

A formação histórica de nosso país é muito traumática, lotada de feridas, muitas ainda não cicatrizadas, e que dia a dia voltam à tona para indagarmos que lugar é este a tomarmos para viver.

Diante do mandonismo branco-europeu de séculos, que por muito tempo buscou fazer deste país uma caricatura de Europa (fato impossível, diante de todos os quês culturais, sociais, geográficos diversos a unirem-se para compilar-se em uma unidade, este milagre chamado Brasil), trazemos, com isso, uma crise de identidade que se estende ao longo da história, a levar o brasileiro muitas vezes a tratar-se como um bufão, rindo de si próprio, seja em conquistas ou desgraças.

Com o caminhar do tempo, alguns lampejos de liberdade foram trazendo encontros do Brasil com o que de fato ele é, ou com o que pode ou poderia/deveria ser. Assim, veio o futebol com uma forma única de jogar; as artes, nas mais diversas expressões — forró, samba, frevo, literatura de cordel, capoeira, entre outras, sendo a partir de tudo isso, que os grandes momentos de orgulho deste país, como um lugar de protagonismo no mundo, se alicerçaram ao longo das décadas.

Sinto que, há tempos, não sentíamos o sentimento de orgulho de ser brasileiro de forma tão forte e bonita como nas últimas semanas. Dois acontecimentos foram fundamentais para isso, marcando de forma inconteste todos os noticiários, alargando o ego deste povo, tão ferido recentemente.

Depois de quase duas décadas, um brasileiro volta a receber o prêmio de melhor jogador do mundo pela Fifa. Vinicius Jr., que mesmo sendo alvo de tantos crimes racistas ao longo de toda temporada, não se rendeu aos seus algozes, enfrentou-os, e fechou o ano respondendo-os da melhor forma, conquistando o título de melhor jogador do planeta; e, abrindo a semana, o prêmio inédito conquistado por Fernanda Torres para o cinema brasileiro, o Globo de Ouro de melhor atriz dramática, pela atuação em "Ainda Estou Aqui" — um filme a contar uma parcela da história encoberta desse país, que tanto precisa ser exposta, para nunca ser esquecida e, entendermos de fato que lugar é este que queremos que ocupe no mundo.

Desses encontros, onde o país traz a partir dele mesmo, suas lutas e histórias, que nos deparamos com um Brasil com tanto ainda por dizer e nos orgulhar de ser parte desse fio.

Foto do Mailson Furtado

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