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30 anos de hegemonia Ceara-Fortaleza
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Mailson Furtado é escritor, dentre outras obras, de À Cidade (livro vencedor do Prêmio Jabuti 2018 – categorias Poesia e livro do Ano). Em Varjota-CE, fundou a CIA teatral Criando Arte, em 2006, onde realiza atividades de ator, diretor e dramaturgo, e é produtor cultural da Casa de Arte CriAr. Mailson escreve, quinzenalmente, crônicas sobre futebol e outros temas

30 anos de hegemonia Ceara-Fortaleza

Campeonato Cearense 2025 começou nesse fim de semana. E tal qual nos últimos 30 anos, o favoritismo é da dupla do Clássico-Rei
Mascotes de Fortaleza e Ceará, Juba e Vozão, com a taça do Campeonato Cearense 2021 no gramado da Arena Castelão (Foto: Leonardo Moreira/Fortaleza EC)
Foto: Leonardo Moreira/Fortaleza EC Mascotes de Fortaleza e Ceará, Juba e Vozão, com a taça do Campeonato Cearense 2021 no gramado da Arena Castelão

Era dezembro de 1995, e o Ferroviário, após um empate com o Icasa em 0 a 0 no PV, festejava o
seu nono título cearense em um bicampeonato inédito na sua história. Era a primeira vez
desde 1956, quando o Calouros do Ar foi campeão, seguindo o título do Gentilândia em 1955,
que o Campeonato Cearense passava dois anos seguidos sem ter Fortaleza ou Ceará como
campeões.

O fim da década de 1980 e o começo da de 1990, com os três títulos do Ferroviário (1988,
1994 e 1995) e o campeonato mal resolvido de 1992, terminado em 1993 no tapetão com
quatro campeões, levou o vislumbrar de uma mínima abertura para uma descentralização do
futebol cearense, historicamente marcado pela hegemonia da dupla Ceará-Fortaleza.

Passados 30 anos da volta olímpica do Tubarão da Barra em 1995, mal se poderia imaginar que
aquela seria a única desde então de um clube que não dos dois maiores da Capital. A
descentralidade que se apontava não só degringolou, como a hegemonia da dupla se firmou
como a maior da história recente dos campeonatos estaduais no Brasil, sendo superado
apenas para o monopólio de 43 anos da dupla Grenal no Gauchão (1955–1997).

Das últimas 29 edições (1996–2024), foram 16 títulos do Leão do Pici e 13 do Vozão de
Porangabuçu. Em nenhum outro campeonato do Brasil recentemente aconteceu algo
parecido. Iniciada a edição 30 no último fim de semana, nada leva a crer que tal soberania
venha ser quebrada.

Em um momento onde o poderio econômico traduz a força no futebol dentro de campo, Ceará
e Fortaleza estão, de longe, em outra prateleira em relação aos demais clubes do Campeonato.
A nível de comparação, a maior folha salarial, a do Fortaleza, é em média 40 vezes maior que a
dos outros oito clubes, enquanto a do Ceará, 30 vezes.

Da mesma forma que celebramos o crescimento da dupla Leão-Vozão ao longo da última
década, levando o futebol cearense ao seu melhor momento da história e o firmando em
outro patamar a nível regional e nacional. O mesmo debate é válido para apontar o estacionar
ou mesmo regredir dos demais clubes do Estado. Clubes tradicionais como Ferroviário, Icasa,
Guarany de Sobral, entre idas e vindas ao longo dos anos, amargam o pouco valioso mérito de
coadjuvantes, e sem a mais remota expectativa, que tal cenário mude.

Há alguém que aposte que o Manjadinho não siga nesse par-ímpar ainda por muito e muito
tempo? Eu nem de longe vislumbro uma mudança. Mas sigamos a acompanhar. Afinal, se tem
algo que não permite o duvidar de surpresas, esse é o futebol.

Foto do Mailson Furtado

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