Marília Lovatel é escritora, cursou letras na Uece e é mestre em literatura pela UFC. É professora de pós-graduação em escrita literária e redatora publicitária. Tem livros publicados por diversas editoras, entre elas, Scipione, Moderna, EDR, Armazém da Cultura e Aliás. Vários dos seus 12 títulos são adotados em escolas de todo o país, tendo integrado 2 vezes o Catálogo de Bolonha, 2 vezes o PNLD Literário e sido finalista do Prêmio Jabuti 2017.
Segundo o artigo de Dirce Waltrick, o livro de Ariana Harwicz - "O Ruído de uma Época" -, propõe uma discussão sobre literatura e arte contemporâneas a partir da necessidade de afirmar o paradoxo e a desobediência.
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Foto: wikipedia
Ariana Harwicz na Feira Internacional do Livro de Guayaquil, em 2018
Depois de ler o artigo de Dirce Waltrick do Amarante sobre a escritora Ariana Harwicz, elegi a próxima aquisição literária. Será "O Ruído de uma Época", apresentado no conjunto de frases, correspondências e ensaios de Ariana.
Mais do que resenhar o recente lançamento de Harwicz pela Editora Instante, Dirce, autora de “Para ler Finnegans Wake de James Joyce” e “James Joyce e seus tradutores”, pinça das páginas a irônica e atualíssima prevalência da imagem de um artista sobre a sua obra e direciona os holofotes para os fãs que não leem os livros dos escritores que adoram e para os escritores que não escrevem.
O tema não se restringe à Literatura. “Esta época nos presenteia com um novo modelo de artista consagrado e amado. É o artista com seguidores que lotam estádios, que o levam a super recordes, que veem tudo o que ele faz, mas não gostam de sua música, não se emocionam com suas canções. E, então, o que eles celebram? Eles celebram a pessoa [...] este século nos presenteia com escritores que odeiam escrever e cantores que odeiam cantar, com fãs que odeiam seus livros e suas músicas.”
A reprodução dessas linhas demonstra a razão de desejar um livro que por elas já vale. Digo isso porque venho, há pouco mais de uma década, trilhando os caminhos da escrita profissional – aqui a ser compreendida como a atividade que reúne o meu cotidiano de trabalho, o investimento contínuo em formação na área e a minha produção – e com frequência me deparo com aspirantes ao sucesso, não ao reconhecimento por uma obra bem realizada.
A pergunta passa a ser o que é preciso para a conquista da notoriedade, quando deveria ser o que pode me levar a escrever melhor. E o livro de Ariana, segundo Dirce, vai muito além: “propõe uma discussão sobre literatura e arte contemporâneas a partir da necessidade de afirmar o paradoxo e a desobediência” na criação, ou seja, “a resistência a pensar de uma única maneira. Pensar é pôr em tensão, ao mesmo tempo, duas coisas opostas”.
Há muitas receitas prontas para garantir os 15 minutos de fama. Mas o problema com os 15 minutos de fama é que eles passam em 15 segundos. No meio desse barulho todo, eu comemoro o fato de ajudar a compor uma leva de escritores que vão às escolas e participam da formação de seus leitores. Entram nas salas de aula depois dos livros, não antes. E ouvem sobre a leitura, sobre as descobertas, sobre tudo que, para quem escreve, é pura música.
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