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Celofane sentimental
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Marília Lovatel é escritora, cursou letras na Uece e é mestre em literatura pela UFC. É professora de pós-graduação em escrita literária e redatora publicitária. Tem livros publicados por diversas editoras, entre elas, Scipione, Moderna, EDR, Armazém da Cultura e Aliás. Vários dos seus 12 títulos são adotados em escolas de todo o país, tendo integrado 2 vezes o Catálogo de Bolonha, 2 vezes o PNLD Literário e sido finalista do Prêmio Jabuti 2017.

Celofane sentimental

As músicas envolvem as nossas memórias com uma camada fina, uma espécie de celofane sentimental
Tipo Crônica
Obra múltipla de Vinicius de Moraes segue sendo celebrada e revisitada (Foto: AFP)
Foto: AFP Obra múltipla de Vinicius de Moraes segue sendo celebrada e revisitada

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Os motivos por que amamos cantigas infantis pouco importam. Amar não se explica nas áridas searas da razão humana, costuma florescer nos campos subjetivos da emoção. As músicas envolvem as nossas memórias com uma camada fina, uma espécie de celofane sentimental.

Trata-se de uma embalagem delicada e que não esconde o conteúdo, ao contrário, revela, e ainda realça o seu brilho, transforma cada lembrança em um presente desejável, como o som de chuva boa molhando o sertão. Assim considero as canções do universo pueril.

A trilha sonora do “Sítio do Picapau Amarelo”, “A Arca de Noé”, do poetinha Vinicius de Moraes, o repertório dos especiais da TV nos anos 80, os temas dos clássicos animados pela Disney para o cinema, as cantigas de roda, as de São João e de Natal, todo mundo guarda muitas delas dentro de si junto com a criança interior.

Na época do meu curso de Letras, fiz uma disciplina que dialogava com a pesquisa da Professora Elvira Drummond, escritora, compositora, licenciada em Artes, bacharel em Piano e mestre em Literatura.

Defensora da Pedagogia Musical, é criatura de trajetória fascinante. Se antes eu concordava de maneira intuitiva com a sua afirmação de que “nada é mais significativo que cantar, tocar e expressar-se através dos sons, porque música é vida, e vida é movimento”, agora experiencio na prática essa bonita verdade.

Estou justamente no início de um projeto cuja proposta passa por musicar antigos poemas sobre animais que escrevi e nunca publiquei. Tenho a sensação de que os textos ficaram à espera dos instrumentos certos, dos ritmos, da oportunidade que não existia no passado e finalmente a mim se apresenta.

Espero, em breve, poder compartilhar essa alegria. Por ora, enrolo no celofane. “As invencionices literárias e musicais viraram meu brinquedo favorito”, disse Elvira. E como é bom esse brincar!

Foto do Marília Lovatel

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