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Tanta coisa a gente inventa
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Marília Lovatel é escritora, cursou letras na Uece e é mestre em literatura pela UFC. É professora de pós-graduação em escrita literária e redatora publicitária. Tem livros publicados por diversas editoras, entre elas, Scipione, Moderna, EDR, Armazém da Cultura e Aliás. Vários dos seus 12 títulos são adotados em escolas de todo o país, tendo integrado 2 vezes o Catálogo de Bolonha, 2 vezes o PNLD Literário e sido finalista do Prêmio Jabuti 2017.

Tanta coisa a gente inventa

Fausto Nilo completa 80 Carnavais em 2024. Seu repertório de centenas de composições, gravadas pelos mais importantes nomes da MPB, tornou tão prazeroso quanto difícil escolher as canções e em cada letra o mote de um conto
Tipo Crônica
FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL,20.03.2024: Especial sobre os 80 anos do Fausto Nilo. (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL,20.03.2024: Especial sobre os 80 anos do Fausto Nilo.

Melhor que a solidão necessária aos textos quando somente ao autor pertencem — antes de pertencerem ao leitor — é ter companhia em um projeto conjunto. E quem participa de um coletivo, seja ele qual for, de cerâmica, de bordados, de leitura, do racha semanal, há de concordar comigo. A gente, do Delirantes, Coletivo de Escritores, está sempre vivendo novas aventuras literárias, produzindo e publicando, lendo e sendo lidos uns pelos outros, opinando, sugerindo, cosendo, amando a liga que une a gente.

Compartilho com eles as alegrias de 3 coletâneas de contos. Em “Limiar – destinos cruzados”, livro lançado pelo selo português da Editora Chiado, o desafio foi transformar um personagem secundário do conto anterior na figura central do conto seguinte. Já em “Os modernismos de Gonçalina”, lançado pela Editora Moderna, fruto de um trabalho iniciado em 2022 e desenvolvido sob a inspiração do centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, todos os enredos orbitam uma personagem fictícia, Gonçalina, nascida no último dia da famosa semana. Ela está prestes a comemorar 100 anos e os preparativos de familiares e amigos para a grande festa são também homenagens a artistas modernistas, que mudaram o cenário das Artes no país.

E agora outro aniversário — esse de alguém bastante real — mobilizou as energias do grupo para reverenciar Fausto Nilo, que em 2024 completa 80 Carnavais. Seu repertório de centenas de composições, gravadas pelos mais importantes nomes da MPB, tornou tão prazeroso quanto difícil escolher as canções e em cada letra o mote de um conto. Eu, particularmente, saí de umas 20 prediletas para 10, depois, para 5, criei um pódio de 3 e elegi a minha referência para escrever. Pudera, a vida toda tenho cantado as músicas dele, com os versos corretos, com os versos errados.

Aqui vai a confissão: na adolescência cantei muito “pra libertar meu coração eu quero muito mais que o som da maçaneta” até alguém perguntar “o som de quê?” E, já me dando conta de ter cometido o crime de lesa-poesia — termo que adoro —, eu responder: “o som da maçaneta... da porta do peito... para libertar o coração...” “Que maçaneta?! Mar-cha len-ta!” Tive de ouvir com a correção a gargalhada que ecoa nos meus ouvidos ainda hoje. Atire a primeira pedra quem nunca errou uma letra com convicção! Perdão, Fausto. Assim, contando com a benevolência e as bençãos desse gênio cearense, nasce a mais recente realização delirante. E, em breve, todos poderão saber o porquê “pra ser feliz num lugar, pra sorrir e cantar, tanta coisa a gente inventa”.

Foto do Marília Lovatel

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