Marília Lovatel é escritora, cursou letras na Uece e é mestre em literatura pela UFC. É professora de pós-graduação em escrita literária e redatora publicitária. Tem livros publicados por diversas editoras, entre elas, Scipione, Moderna, EDR, Armazém da Cultura e Aliás. Vários dos seus 12 títulos são adotados em escolas de todo o país, tendo integrado 2 vezes o Catálogo de Bolonha, 2 vezes o PNLD Literário e sido finalista do Prêmio Jabuti 2017.
Foto: Barbara Moira/ Especial para O POVO em 03-10-2021
FORTALEZA, CE, 03-10-2021: Visita guiada na Biblioteca Pública Estadual do Ceará (Bece). O espaço, que reabriu em agosto depois de passar seis anos fechado por causa de reformas, conta com vários setores em funcionamento. Obras raras, coleções cearenses e periódicos, por exemplo, podem ser lidos e alugados no equipamento cultural. A ideia é fazer uma visita guiada pelo local, para mostrar aos leitores as novidades, o catálogo, os ambientes de leitura (BARBARA MOIRA/ O POVO)
Posso gravar a nossa reunião on-line?, perguntei com a voz hesitante. Tinha certeza de que a emoção seria empecilho, me atrapalhando no absorver e reter das palavras — acontece assim quando finalmente se ouve algo há muito ansiado.
Ela me disse que, mesmo sendo o resultado, a essas alturas, de amplo conhecimento público, precisava preservar o ineditismo da ata do júri, que escolhera o meu texto entre mais de 1.100. Essa conversa aconteceu após a divulgação do original vencedor — diga-se de passagem. Entendi que a leitura oficial ocorreria no dia da premiação, restando agradecer a gentileza da antecipação de algumas preciosas informações e os cumprimentos.
Falamos um pouco sobre o projeto de edição de “Salvaterra — breve romance de coragem”, e ela me contou dos bastidores, ressaltando a tradição do concurso anual, que, ao longo de duas décadas, ajudou a lançar e consolidar nomes como Caio Riter e Stella Maris Rezende.
A primeira fase é a análise da adequação ao regulamento e fica na responsabilidade da equipe que opera a plataforma de inscrição. De 10% a 15% dos candidatos são eliminados por não conformidades do tipo submeter um gênero não previsto no edital ou pelo descuido de revelar o nome, esquecendo de proteger a identidade sob um pseudônimo.
Criar o pseudônimo considero um desafio: o de decidir o nome que sirva bem para nos representar e ocultar – imagino o processo que gerou Elena Ferrante e, no caso de Rachel de Queiroz, Rita de Queluz.
Na segunda fase, as produções concorrentes são distribuídas em numerosos subgrupos para serem lidos e avaliados. Depois, um júri técnico recolhe os pareceres e define os finalistas. Em 2024, foram 8, eu e mais 7. O meu nome constar nessa lista já me deixou feliz demais.
Por último, um segundo júri, composto por editores, críticos literários, curadores e escritores, entra em entendimento para a resolução definitiva. Seu texto percorreu todo esse trajeto até chegar aqui, como vencedor da 20ª Edição do Prêmio Barco a Vapor, ela explicou, e meus olhos se inundaram.
Emocionada, nem consegui contar a ela que dias antes, lendo um capítulo de “O amor nos tempos do cólera", acompanhei a embarcação diante da casa do Dr. Juvenal Urbino, sentei-me com ele “à tarde no pórtico para ver passar os cargueiros de Nova Orleans, pesados e cinzentos, e os navios fluviais de roda de madeira, com as luzes acesas ao entardecer, que iam purificando com uma esteira de música o monturo estanque da baía”.
O barco a vapor se aproximava de mim, ele vinha singrando as águas onde desejo e realidade, sonho e concretização se misturam.
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