Marília Lovatel cursou Letras na Universidade Estadual do Ceará e é mestre em Literatura pela Universidade Federal do Ceará. É escritora, redatora publicitária e professora. É cronista em O Povo Mais (OP+), mantendo uma coluna publicada aos domingos. Membro da Academia Fortalezense de Letras, integrou duas vezes o Catálogo de Bolonha e o PNLD Literário. Foi finalista do Prêmio Jabuti 2017 e do Prêmio da Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil – AEILIJ 2024. Venceu a 20ª Edição do Prêmio Nacional Barco a Vapor de Literatura Infantil e Juvenil - 2024.
Foto: Domínio público / Claude Monet
Os nenúfares (1904)
Se costumamos rodar pela cidade com fé cega na reserva de combustível, o medidor no vermelho, a luzinha da bomba de gasolina acesa no painel em denúncia da pequena quantidade restante, e insistimos acreditando que vai dar para chegar ao destino, até aquele momento crucial da inadiável escolha entre abastecer ou pedir ajuda para empurrar o carro, assumimos um risco. Poucos sabem, porém, que a concentração de impurezas no fundo do tanque pode acabar dentro do motor, gerando um dano.
Procrastinar a ida ao posto é prejudicial, mas o açodamento para obter um determinado resultado também não é aconselhável. Sei que demorei a inserir certas rotinas em meu cotidiano, como o uso diário do protetor solar. Descuidei da pele, tratando-a como um carro exposto à pane por falta da prevenção mais básica — fiz isso por décadas, admito. Mas, vencida a barreira dos 50 anos, não ouso sair de casa sem me permitir o skincare indispensável. Busco encontrar a medida ideal de um cuidado que não me aprisione e priorize a saúde.
Tento escapar aos excessos de todos os tipos, aos desleixos, também aos riscos que corremos em nome de uma perfeição inalcançável. Muito ao contrário, falamos aqui sobre imperfeições. Aquelas que nos individualizam as expressões do rosto, o sorriso, e aquelas que atestam as nossas trajetórias, desde que nascemos, cada um de nós como uma tela em branco e a missão de obter os pincéis, as cores, e aprender a pintar.
Precisamos de muita atenção para perceber se economizamos demais ou nos excedemos nas pinceladas. A única certeza é que o passar dos anos completa a obra. E a arte finalizada significa que envelhecemos, portanto vivemos. Quando o motor da vida enguiça por desgaste ou negligência, é difícil e dispendioso o conserto. Se o quadro resseca, racha em alguns pontos, não adianta disfarçar, fazer um retoque de tinta acrílica no seu Monet. O tempo de viver é sagrado e não aceita improvisos.
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