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Marília Lovatel cursou Letras na Universidade Estadual do Ceará e é mestre em Literatura pela Universidade Federal do Ceará. É escritora, redatora publicitária e professora. É cronista em O Povo Mais (OP+), mantendo uma coluna publicada aos domingos. Membro da Academia Fortalezense de Letras, integrou duas vezes o Catálogo de Bolonha e o PNLD Literário. Foi finalista do Prêmio Jabuti 2017 e do Prêmio da Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil – AEILIJ 2024. Venceu a 20ª Edição do Prêmio Nacional Barco a Vapor de Literatura Infantil e Juvenil - 2024.

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Exposições de fotos deveriam ser mais constantes e numerosas em nossa cidade. Temos o Museu da Fotografia. Erga o braço agora quem costuma frequentá-lo
Tipo Crônica
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Palestra 'Fortaleza, Casos e Curiosidades' do Historiador Nirez 
Na foto: Máquinas fotográficas
Foto: Marcos Campos, em 28/04/2011 (Foto: MARCOS CAMPOS)
Foto: MARCOS CAMPOS Palestra 'Fortaleza, Casos e Curiosidades' do Historiador Nirez Na foto: Máquinas fotográficas Foto: Marcos Campos, em 28/04/2011


Uma frase caiu nos meus ouvidos e ainda ressoa neles: “Como é possível sonhar com o que nunca se viu?” Encontrei a resposta para a pergunta no ofício da fotografia. Tenho me aproximado desse universo não porque reconheça em mim tal capacidade. A razão é outra: o talento que me falta sobra à minha volta; em minha filha, monitora dessa respectiva cadeira na graduação em Publicidade, no Saymon — namorado dela e excelente fotógrafo — e no cotidiano dos profissionais que, de tempos em tempos, conheço ou reencontro, quando sou posta diante das câmeras para registros relativos às minhas atividades na literatura — e, mais raramente, nas incursões fora dela, pelas searas da moda, por exemplo.

Há, no quarto da Marcela, uma estante de prateleiras basicamente ocupadas por esses objetos de fabricar sonhos: uma Fujifilm Instax Mini 9, verde-água em tom pastel, uma Olympus IS – 100 S, uma Casio Exilim Digital Camera EX-Z100, uma Sony Nex – 3 HD e três filmadoras: duas câmeras Sony Handycam e uma Panasonic Super VHS, herdadas do avô, com a bolsa de alça a tiracolo que meu pai levava em todas as viagens. São troféus, instrumentos para a expressão nos dois lados da lente.

É especial esse olhar de ressignificação. É onde nasce o clique: na sensibilidade do olho atento. Não na ponta de uma objetiva ou no interior da caixa escura. O que vemos no papel revelado ou na virtualidade das telas do notebook, do smartphone, nasce das escolhas artísticas, do ângulo, da luz, do momento que merece captura.

Exposições de fotos deveriam ser mais constantes e numerosas em nossa cidade. Temos o Museu da Fotografia. Erga o braço agora quem costuma frequentá-lo. Eu também gostaria de ter levantado o meu, ser assídua em ambientes que exibem janelas mágicas, livros instantâneos, abertos, democráticos, histórias de compreensão imediata. Vemos e sonhamos.

A leitura imagética acende em nós o deslumbre, a empatia, a indignação, o desejo de andar de bicicleta na chuva, de conhecer o Himalaia. Um sol se abre na mente de quem fotografa. Ideias chovem a partir de uma fotografia. E sol e chuva me trazem os versos de Kiko Zambianchi. “Se você não entende não vê / Se não me vê não entende [...] / Se meu corpo virasse sol / Minha mente virasse sol / Mas só chove e chove / Chove e chove.”

Foto do Marília Lovatel

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