Marília Lovatel é escritora, cursou letras na Uece e é mestre em literatura pela UFC. É professora de pós-graduação em escrita literária e redatora publicitária. Tem livros publicados por diversas editoras, entre elas, Scipione, Moderna, EDR, Armazém da Cultura e Aliás. Vários dos seus 12 títulos são adotados em escolas de todo o país, tendo integrado 2 vezes o Catálogo de Bolonha, 2 vezes o PNLD Literário e sido finalista do Prêmio Jabuti 2017.
Exposições de fotos deveriam ser mais constantes e numerosas em nossa cidade. Temos o Museu da Fotografia. Erga o braço agora quem costuma frequentá-lo
Foto: MARCOS CAMPOS
Palestra 'Fortaleza, Casos e Curiosidades' do Historiador Nirez
Na foto: Máquinas fotográficas
Foto: Marcos Campos, em 28/04/2011
Uma frase caiu nos meus ouvidos e ainda ressoa neles: “Como é possível sonhar com o que nunca se viu?” Encontrei a resposta para a pergunta no ofício da fotografia. Tenho me aproximado desse universo não porque reconheça em mim tal capacidade. A razão é outra: o talento que me falta sobra à minha volta; em minha filha, monitora dessa respectiva cadeira na graduação em Publicidade, no Saymon — namorado dela e excelente fotógrafo — e no cotidiano dos profissionais que, de tempos em tempos, conheço ou reencontro, quando sou posta diante das câmeras para registros relativos às minhas atividades na literatura — e, mais raramente, nas incursões fora dela, pelas searas da moda, por exemplo.
Há, no quarto da Marcela, uma estante de prateleiras basicamente ocupadas por esses objetos de fabricar sonhos: uma Fujifilm Instax Mini 9, verde-água em tom pastel, uma Olympus IS – 100 S, uma Casio Exilim Digital Camera EX-Z100, uma Sony Nex – 3 HD e três filmadoras: duas câmeras Sony Handycam e uma Panasonic Super VHS, herdadas do avô, com a bolsa de alça a tiracolo que meu pai levava em todas as viagens. São troféus, instrumentos para a expressão nos dois lados da lente.
É especial esse olhar de ressignificação. É onde nasce o clique: na sensibilidade do olho atento. Não na ponta de uma objetiva ou no interior da caixa escura. O que vemos no papel revelado ou na virtualidade das telas do notebook, do smartphone, nasce das escolhas artísticas, do ângulo, da luz, do momento que merece captura.
Exposições de fotos deveriam ser mais constantes e numerosas em nossa cidade. Temos o Museu da Fotografia. Erga o braço agora quem costuma frequentá-lo. Eu também gostaria de ter levantado o meu, ser assídua em ambientes que exibem janelas mágicas, livros instantâneos, abertos, democráticos, histórias de compreensão imediata. Vemos e sonhamos.
A leitura imagética acende em nós o deslumbre, a empatia, a indignação, o desejo de andar de bicicleta na chuva, de conhecer o Himalaia. Um sol se abre na mente de quem fotografa. Ideias chovem a partir de uma fotografia. E sol e chuva me trazem os versos de Kiko Zambianchi. “Se você não entende não vê / Se não me vê não entende [...] / Se meu corpo virasse sol / Minha mente virasse sol / Mas só chove e chove / Chove e chove.”
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