Marília Lovatel é escritora, cursou letras na Uece e é mestre em literatura pela UFC. É professora de pós-graduação em escrita literária e redatora publicitária. Tem livros publicados por diversas editoras, entre elas, Scipione, Moderna, EDR, Armazém da Cultura e Aliás. Vários dos seus 12 títulos são adotados em escolas de todo o país, tendo integrado 2 vezes o Catálogo de Bolonha, 2 vezes o PNLD Literário e sido finalista do Prêmio Jabuti 2017.
Quão alto a leitura pode nos elevar? Faço reflexões desse tipo sempre que sou chamada a falar sobre a formação do leitor, tema central em minha vida há mais de uma década. Destaco o período desses dez anos, de um trabalho mais intenso, realizado a partir da publicação de meus livros e por meio de encontros com estudantes e professores, sem deixar de reconhecer que, na realidade, comecei muito antes.
Sou professora desde os 17 anos, quando assumi pela primeira vez uma sala de aula. E o exercício de lecionar, independentemente da disciplina ministrada, conduz os alunos a desenvolver as suas competências e sensibilidades para ler mais e melhor.
Da leitura depende a compreensão de tudo no mundo. Ou seja, apresentar esse universo e aprimorar a experiência leitora é uma missão coletiva e não exclusiva dos docentes de língua portuguesa. Para os educadores, o livro é um instrumento musical. E qual é a sua validade nas mãos de quem não sabe executar a partitura, ignora as suas possibilidades? Imagine que seja posto um violino no seu colo e lhe digam “Toque, é maravilhoso!”.
O que você fará com a queixeira, com as cordas, com o tampo, com as cravelhas, desconhecendo para que servem? E se acrescentarem o detalhe: “É um Stradivarius”, sem que você perceba a menor diferença? Esse é o trabalho de formar leitores. O que fazemos é pôr o arco nas mãos de crianças e jovens — e adultos. E, com a mão sobreposta às deles, deslizar o arco nas cordas, marcando com os dedos da outra mão as posições das notas musicais para que do atrito nasça o som. Estão ouvindo a melodia?
É verdade que não se pode tocar pelo outro, ler pelo outro. No entanto, muda a percepção educar o ouvido, mostrar que há entre os instrumentos uma escala qualitativa cujo ápice é a famosa obra do luthier italiano; faz todo o sentido ajudar na compreensão da distância entre o natural desafino do aprendiz e a performance de um virtuose, com o domínio da técnica, meios e bagagem suficientes para extrair o máximo das páginas lidas. Quando o leitor iniciante ouve a leitura vibrar em seu espírito, a música da literatura acontece. E como é bom saber tocar o instrumento livro!
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