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A destruição na destruição
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É mestre em Direito pela UFC e doutorado em Direito pela Johann Wolfgang Goethe-Universität Frankfurt am Main. Atualmente é professor da Universidade de Fortaleza e Procurador do Município de Fortaleza

A destruição na destruição

Qual a razão de ser necessário que se enfrente essa gente?. A notícia falsa não orienta ninguém numa direção errada: ela desorienta a sociedade, a ponto de em nada acreditar, e de não tornar possível a existência de parâmetros para juízo mais racional
Tipo Opinião
Notícias falsas sobre as enchentes no Rio Grande do Sul atravessaram o Atlântico (Foto: Fotos Divulgação/Jonathas Costa)
Foto: Fotos Divulgação/Jonathas Costa Notícias falsas sobre as enchentes no Rio Grande do Sul atravessaram o Atlântico

Como se não bastasse a tragédia das inundações no Rio Grande do Sul, como se não fosse complexa a tarefa do enfrentamento de tantas vidas perdidas e da destruição deixada, eis que surgem influencers, seguidos por outro exército de "idioters" e espertos, a divulgarem notícias falsas sobre o que ocorre. De mentiras sobre proibição de transporte aéreo e rodoviário com ajuda, até recusa em receber auxílio internacional, as notícias falsas atravessaram o atlântico Adamastor e se fortaleceram nas palavras da extrema direta portuguesa. Sem a comprovação alguma, o líder do Chega afirmou que o governo brasileiro se recusava a receber ajuda de outros países. Certamente, alimentado pelos seus congêneres brasileiros. O Chega, como se sabe, recebeu apoio e votos dos movimentos fascistas conhecidos em Portugal por Reconquista e grupo 1143.

Qual a razão de ser necessário que se enfrente essa gente? A notícia falsa não orienta ninguém numa direção errada: ela desorienta a sociedade, a ponto de em nada acreditar, e de não tornar possível a existência de parâmetros para juízo mais racional. Por isso que cada uma destas notícias destrutivas deve ser substituída pela veracidade dos fatos, onde a mentira procura se esconder para aparentar ser real. Naturalmente, este esforço exigirá muito, além das ações governamentais de combate à devastação e de resgate das vidas em perigo.

A notícia falsa deve ser enfrentada ainda no âmbito democrático, com o devido processo legal. Assim, órgãos como Polícia Federal e Advocacia Geral da União têm o dever de agir, a fim de manter a população informada sobre o que efetivamente ocorre, e as medidas que devem ser tomadas, em vista de diminuir o impacto da destruição causada.

A criação e a disseminação de notícias falsas em tal contexto é a miséria da política. Trata-se da busca de, na destruição física, também se destruir a possibilidade da mente humana. Equivale à abdicação de pensar, característica diferenciadora de alguns humanos. O que podemos esperar é que a democracia e razão prevaleçam, a fim de que consigam responder às tragédias: física e mental.

 

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