Logo O POVO+
Imortal Maria da Conceição Tavares
Foto de Martônio Mont'Alverne
clique para exibir bio do colunista

É mestre em Direito pela UFC e doutorado em Direito pela Johann Wolfgang Goethe-Universität Frankfurt am Main. Atualmente é professor da Universidade de Fortaleza e Procurador do Município de Fortaleza

Imortal Maria da Conceição Tavares

A professora da UFRJ deixa um amplo legado de obras, entrevistas, ativismo, sobretudo na forma do mandato de deputada federal que exerceu nos anos 90, integrando a bancada do PT. Ela fará muita falta
Tipo Opinião
ECONOMISTA e professora Maria da Conceição Tavares (Foto: ANTONIO CRUZ-ABR                    )
Foto: ANTONIO CRUZ-ABR ECONOMISTA e professora Maria da Conceição Tavares

.

O Brasil perdeu no final de semana uma de suas mais relevantes intelectuais da economia política. Portuguesa de nascimento, brasileira de coração e de vida: Maria da Conceição Tavares. Foi mais um elo que nos uniu à praia lusitana ocidental, hoje esquecida seu passado de abertura ao mundo, e obrigada a lidar com o sucesso da choldraboldra de partidos políticos como o Chega. Pouco resta do ilustre peito lusitano, assim cantado em 1572.

Maria da Conceição deixa a lição de que a economia não se dissocia da política; de que o subdesenvolvimento não é caminho natural para o desenvolvimento, já que nas ações humanas inexiste movimento natural; tudo é movimentado pelas ações e omissões dos homens. Nós fazemos nosso destino. Ou abdicamos deliberadamente do percurso da construção emancipatória da economia e da política democrática. Professora da UFRJ, Conceição deixa um amplo legado de obras, entrevistas, ativismo, sobretudo na forma do mandato de deputada federal que exerceu nos anos 90. Fará muita falta.

Como as ideias se tornam apropriação de todos, com Maria da Conceição não será diferente. Seu sincero amor pelo Brasil fez com que passasse a construir interpretações econômicas sobre nosso processo de desenvolvimento como uma economia nacional e pública, o que significada a indissociabilidade de estabilidade, crescimento e distribuição da riqueza. É a atualização do conceito de democracia econômica, do começo do século XX. Ou seja, consolidar a democracia política na forma de democracia econômica; fazer do cidadão político que vota e pode ser votado, mas que vive de pedir esmolas, um cidadão econômico, atendido um compromisso civilizatório entre capital e trabalho.

No momento, nosso Congresso Nacional, completamente fora de sua atribuição, empareda o Executivo e ameaça o Judiciário com medidas de remoção de seus membros, vivemos um ambiente que não é apenas de deficiência da articulação política do governo. É de ultrapassagem dos limites constitucionais.

As lições de Maria da Conceição ganham intensa atualidade: a política jamais é desinteressante, tampouco desinteressada.

 

Foto do Martônio Mont'Alverne

Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?