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O que vi na Venezuela
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É mestre em Direito pela UFC e doutorado em Direito pela Johann Wolfgang Goethe-Universität Frankfurt am Main. Atualmente é professor da Universidade de Fortaleza e Procurador do Município de Fortaleza

O que vi na Venezuela

O que conduz a posicionamentos tão desfavoráveis aos sistemas eleitoral e político da Venezuela? A experiência de uma revolução fora dos padrões liberais ocidentais, a assustar pelo seu potencial de que outros modelos de democracia são possíveis
Tipo Opinião
NICOLÁS Maduro fala à Assembleia Constituinte diante de um retrato de Hugo Chávez (Foto: Federico PARRA/AFP)
Foto: Federico PARRA/AFP NICOLÁS Maduro fala à Assembleia Constituinte diante de um retrato de Hugo Chávez

Fui convidado para acompanhar as eleições de 28 de julho na Venezuela, com indicação da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia – ABJD. De 26 a 30 de julho, hospedei-me no Hotel Pestana de Caracas.

O que vi no dia 28.7? Visitei 6 seções eleitorais. Gravei fotos da urna eletrônica, das longas filas de espera, dos locais de votação e seu entorno. Vi as mesas de votação, com lista de eleitores se apresentando com documentos, assinando sua presença após confirmação da identidade, e, como nas seções eleitorais brasileiras, a liberação da urna para digitação do voto. A tranquilidade foi a marca do dia da votação; assim registrado também pela oposição. Houve bate-bocas e empurrões entre eleitores, exibidos pela televisão. Acessei diversas páginas de jornais da Venezuela, como El Nacional, de clara oposição ao governo, bem como do Brasil e do resto do mundo.

Era evidente a avaliação de que a oposição jamais aceitaria qualquer resultado que não fosse vencedora. Ao ser anunciado o primeiro resultado, ainda no dia 28, com a vitória de Nicolás Maduro, começaram as manifestações da oposição sobre fraude, num sistema seguro de votação. Na tarde de 29.7, Maduro foi proclamado vencedor pelo presidente do Conselho Nacional Eleitoral, Elvis Amoroso, evento a que estive presente. O que chamamos boletins de urnas, zerésima, totalização de votos, toda esta documentação foi entregue a todos que disputaram o pleito.

O que conduz, então, a posicionamentos tão desfavoráveis aos sistemas eleitoral e político da Venezuela? A experiência de uma revolução fora dos padrões liberais ocidentais, a assustar pelo seu potencial de que outros modelos de democracia são possíveis. O que a oposição venezuelana faz é o mesmo que a extrema direta tentou aqui, cujo ápice foi o 8 de janeiro, ou o 6 de janeiro de 2021 dos EUA. O descrédito que tentam lançar sobre a autoridade eleitoral é a ruína de qualquer democracia. Umberto Eco adverte que o conhecimento será sempre conhecimento profundo: o que está além da superfície será desconhecido, se não olharmos além das aparências que facilmente seduzem.

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