Logo O POVO+
O que se viu na eleição de 2024
Foto de Martônio Mont'Alverne
clique para exibir bio do colunista

É mestre em Direito pela UFC e doutorado em Direito pela Johann Wolfgang Goethe-Universität Frankfurt am Main. Atualmente é professor da Universidade de Fortaleza e Procurador do Município de Fortaleza

O que se viu na eleição de 2024

O que realmente deve mobilizar a sociedade brasileira é a defesa da democracia, especialmente diante daqueles que a utilizam como meio de golpeá-la. Fortaleza dá exemplo ao renovar sua tradição: de 1985 para cá, jamais elegeu prefeitos da direita, nem da extrema direta
Tipo Opinião
Martonio Mont'Alverne Barreto Lima, professor doutor da Universidade de Fortaleza - Unifor (Foto: Hercílio Araújo/Divulgação)
Foto: Hercílio Araújo/Divulgação Martonio Mont'Alverne Barreto Lima, professor doutor da Universidade de Fortaleza - Unifor

Concluída a eleição de 2024, há que ser analisado o significativo crescimento da direita e da extrema direita no País. Chama a atenção o forte apoio que receberam os candidatos negacionistas da ciência, antivacinas, contra políticas governamentais de edição e saúde, que insultaram mulheres e memoriais sociais, além de abertos apoiadores do 8 de janeiro de 2023. Mais desafiador: como compreender que largos setores, dependentes de educação, habitação, saneamento, saúde e transportes públicos, deixaram seu inequívoco apoio a estes candidatos.

Não se pode somente mirar para instituições: partidos, imprensa, associações representativas, movimentos sociais de todos os matizes. A situação parece exigir que se dirija o olhar para a sociedade. O fenômeno não é só brasileiro. Nos EUA, em 8 dias, será confirmada a divisão daquele povo, com traços semelhantes ao que ocorreu aqui, conectados por atores políticos mundiais comuns. O 6 de janeiro de 2022 parece não ter a menor repercussão no americano médio ou no imigrante latino... que vota no candidato que quer expulsar imigrantes!

Em cenários variados, o que se viu em 2024 no Brasil é que a democracia de quase 40 anos se encontra encurralada, ou pelo menos há uma parte da sociedade que nem a concebe assim tão importante. Qualquer debate político é travado na alegoria das redes sociais, infestado por influenciadores superficiais, porém fortes na capacidade de convencer que ficar rico é uma questão de aposta ou de esforço próprio.

A ausência dos progressistas nas redes é condenada. Pouco adiantaria estar presentes nas redes, sem que houvesse o mínimo de regulação democrática. Lideranças adeptas da destruição democrática continuariam disseminando falsas notícias, aplicando golpes financeiros, pregando o fim do mundo em razão da igualdade de todos perante a lei, negando a ciência, e exigindo a legitimidade do direito de matar.

Eis os motivos de mobilização da sociedade: defender a democracia contra o que a utilizam para golpeá-la. Fortaleza deu o exemplo, e renovou sua tradição: de 1985 para cá, jamais elegeu prefeitos da direita, nem da extrema direta.

 

Foto do Martônio Mont'Alverne

Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?