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Teto de gastos na Europa
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É mestre em Direito pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e doutorado em Direito pela Johann Wolfgang Goethe-Universität Frankfurt am Main. Atualmente é professor da Universidade de Fortaleza (Unifor) e Procurador do Município de Fortaleza

Teto de gastos na Europa

Na semana passada, o provável novo chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, anunciou que forte aumento com gastos militares não entrará no limite de endividamento público de seu país. Foi uma festa: imprensa mundial, quase todos os espectros políticos, França, Reino Unido e, especialmente, o sistema financeiro e a indústria de arma celebraram com ênfase a nova decisão. Tudo em razão da virada da posição do Estados Unidos na guerra na Ucrânia.

Os alemães parecem se despedir de sua história recente a todo momento. Não bastassem as eleições de fevereiro, agora esquecem as palavras de Egon Bahr, antigo chefe da chancelaria alemã dos tempos de Willy Brandt, que advertiu, até o fim de seus dias: a Europa haveria de emancipar-se da política externa americana, e tratar de construir seu espaço de tolerância e respeito, o que incluía a Rússia. Um dos pilares do governo de Brandt foi a tentativa de distensionamento entre Ocidente e Leste Europeu dos tempos de guerra fria. Por isso, Brandt recebeu o Nobel da Paz de 1971, mas pagou com o fim de seu próprio governo em 1974.

Os mesmos a celebrarem que suas populações paguem por dívidas com armas e guerras são cães de ataque quando governos se endividam com gastos com assistência e previdência sociais, ciência e tecnologia, educação e saúde. Enredados nas suas diferenças, europeus sinalizam que não têm condições de resolver processos de paz em seu solo. Durante a guerra da Bósnia, a paz de 1995 veio pelos Estados Unidos, com o acordo de Dayton. Agora, quando deveriam compreender o multiculturalismo, aprender com as lições de Bahr e Brandt, procurar uma possível corrente eurasiana e abertura a outros países e nacionalidades, decidem por sacrificar seus povos, com mais dívidas e gastos que beneficiarão pouquíssimos. Não são necessários videntes para se saber o desfecho. Vem à lembrança a frase memorável de Churchill, ao comentar a assinatura do pacto da vergonha, de 1938 em Munique, entre Chamberlain, Daladier e Hitler, afiançado e testemunhado por Mussolini: entre a desonra e a guerra, escolheram a desonra... e receberão a guerra. n

 

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