
Líder classista, empresário do setor de farmácias, é diretor da Confederação Nacional do Comércio (CNC) desde 2018
Líder classista, empresário do setor de farmácias, é diretor da Confederação Nacional do Comércio (CNC) desde 2018
A vida tem uma maneira curiosa de nos ensinar. Às vezes, as lições vêm em formas inesperadas, como o homem que passava o dia reclamando. Ele parecia ter uma habilidade especial, quase mágica, de encontrar o lado negativo em tudo. Se o dia estava ensolarado, ele resmungava sobre o calor. Se chovia, era a lama que o incomodava. Nada, absolutamente nada, era motivo de gratidão. Tudo era motivo de queixa.
E assim ele viveu, imerso em sua própria nuvem de pessimismo. Quando chegou sua hora de partir, foi para o céu. Lá, imaginava finalmente encontrar a paz, longe de toda a negatividade do mundo. Mas, para sua surpresa, algo o incomodava. Onde quer que ele fosse, havia um colega que o seguia. Um sujeito insuportavelmente chato. Negativo. Pessimista. Ingrato.
Esse colega parecia vibrar com o desconforto e, quanto pior ficavam as coisas, mais ele gostava. Não importava quão lindas fossem as paisagens, quão harmoniosa fosse a música dos anjos, o sujeito sempre encontrava uma razão para criticar, reclamar e jogar o ambiente para baixo. O homem, já exausto, começou a evitar o colega, mas não conseguia escapar dele. O sujeito o seguia para todo lado, como uma sombra.
Depois de muito tempo sem conseguir aguentar mais, o homem foi até São Pedro e pediu um favor:
— São Pedro, com todo o respeito, eu preciso de ajuda. Esse colega está me atormentando. Eu sei que estamos no paraíso, e é lindo, mas conviver com alguém assim é insuportável.
São Pedro o ouviu com paciência, depois sorriu levemente e respondeu:
— Meu caro, esse colega de quem você quer se livrar não existe. No paraíso, todos têm que conviver com uma versão exata de quem foram na Terra. Esse sujeito é você mesmo.
O homem ficou atônito. De repente, todo o incômodo, toda a aversão que ele sentia pelo outro se transformou em um peso esmagador de autoconsciência. A verdade veio como um soco no estômago: ele passara toda a sua vida sendo exatamente aquilo que tanto o irritava agora. A pessoa com quem ele não conseguia conviver era, na verdade, o reflexo de quem ele sempre fora.
Essa história pode parecer engraçada à primeira vista, mas carrega uma sabedoria profunda. Quantas vezes na vida projetamos nos outros aquilo que mais nos incomoda em nós mesmos? Quantas vezes criticamos o comportamento alheio, quando, na verdade, é o nosso próprio comportamento que está refletido ali? Somos rápidos em julgar os defeitos que enxergamos no próximo, sem nos dar conta de que eles podem ser espelhos que revelam partes de nossa alma que não queremos reconhecer.
A lição aqui é simples, mas poderosa: aquilo que nos incomoda nos outros, muitas vezes, existe em nós. E enquanto não tivermos coragem de olhar para dentro e enfrentar nossas próprias sombras, continuaremos prisioneiros dessa insatisfação. A verdadeira paz começa quando aprendemos a nos aceitar, a entender que somos responsáveis por nossa própria felicidade — ou falta dela.
A convivência no céu foi o espelho que aquele homem precisava para enxergar o que passara a vida toda ignorando. Na Terra, ele tinha a chance de mudar, de se libertar de sua negatividade. No céu, já não havia escapatória: ele teria que aprender a viver consigo mesmo.
O mesmo acontece conosco. Podemos passar a vida fugindo das nossas falhas, transferindo nossas frustrações para os outros. Ou podemos aceitar que todos temos sombras, defeitos, e que, ao reconhecê-los, podemos começar o processo de cura. A mudança não começa quando tentamos consertar o mundo ao nosso redor, mas quando nos damos conta de que o verdadeiro trabalho começa dentro de nós.
O que essa história nos ensina é que o maior desafio não é lidar com as imperfeições dos outros, mas com as nossas. E uma vez que aprendemos a encarar isso, a vida se torna mais leve. Afinal, conviver consigo mesmo, em paz, é a maior de todas as conquistas.
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