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O céu não está pra selfie
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Líder classista, empresário do setor de farmácias, é diretor da Confederação Nacional do Comércio (CNC) desde 2018

O céu não está pra selfie

O céu cor de brasa, visto não só em Fortaleza, mas em diversas regiões do Brasil, é digno de fotos, sem dúvidas. Mas também é resultado da intensa poluição atmosférica, em grande parte causada pelas queimadas que devastam fauna e flora, influenciam no clima, nas chuvas, nos oceanos, na vida humana
Maurício Filizola, empresário, diretor da Confederação Nacional do Comércio (CNC) (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Maurício Filizola, empresário, diretor da Confederação Nacional do Comércio (CNC)

Se você tem renovado seu arsenal de selfies à Beira-Mar, contemplado o sol cada vez mais alaranjado dos finais de tarde, saiba que as coisas não andam tão poéticas assim. A coloração rubra do nosso Astro Rei tem mais a ver com protesto do que com exibição. A vileza, o egoísmo e a insensibilidade humanas começam a acender a luz vermelha da Terra, que parece não suportar mais tanta agressão.

O céu cor de brasa, visto não só em Fortaleza, mas em diversas regiões do Brasil, é digno de fotos, sem dúvidas. Mas também é resultado da intensa poluição atmosférica, em grande parte causada pelas queimadas nas regiões da Amazônia, Pantanal e Sudeste, que devastam fauna e flora, influenciam no clima, nas chuvas, nos oceanos, na vida humana. Em São Paulo onde estive no último final de semana, terra da garoa, do frio, das gentes agasalhadas, agora arde como o sertão do Cariri, bate recorde de calor e foi, nesta semana, a cidade que tem o ar mais poluído do mundo.

A presença de elementos tóxicos no ar, como os provenientes das queimadas, pode causar sérios problemas respiratórios para as pessoas. Alguns cientistas fazem uma analogia preocupante: é como se a gente estivesse fumando um cigarro atrás do outro, de tanta partícula de carbono e compostos nocivos que inalamos ao respirar, depois de prendermos o fôlego para sairmos mais esbeltos nas fotos do entardecer, postadas no Instagram.

Tão grave quanto as agressões a que submetemos diariamente o planeta, mais voluntária ou do que involuntariamente, é a nossa falsa e egoísta percepção de que o meio ambiente se reinventará sempre, independente dos ataques que sofra. Essa é a mesma visão que nos faz colocar na conta do fatalismo, nos desígnios de Deus, as consequências dos nossos atos imprudentes com o nosso próprio habitat: secas, inundações, aquecimento global, fenômenos que a gente sempre acha que é terrorismo de ambientalista, mas que estão cada vez mais frequentes.

Até a próxima catástrofe, tipo as enchentes que ocorreram no Rio Grande do Sul, este ano, a gente tocando em frente. Com os mesmos hábitos, mesmas posturas, mesma omissão, mesma indiferença, mesma estupidez. Só alteradas por alguns fatos "relevantíssimos" de nossa cena cotidiana, como o prende-e-solta de Deolane, viúva do MC Kevin, ovacionada por seguidores, na porta da cadeia, no Recife, para onde a influencer foi conduzida, acusada de lavagem de dinheiro.

Mas se você não sabe quem é Deolane, nem MC Kevin, nem muito menos o que faz um digital influencer, decerto deve passar o dia se preocupando com coisas sérias e urgentes.

Como os rumos que estamos tomando enquanto civilização.

Nisso, tamo junto!

 

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