Líder classista, empresário do setor de farmácias, é diretor da Confederação Nacional do Comércio (CNC) desde 2018
Líder classista, empresário do setor de farmácias, é diretor da Confederação Nacional do Comércio (CNC) desde 2018
Muita coisa mudou no ambiente escolar nos últimos anos. Do professor autoritário, que se impunha pelo medo e pela ameaça de castigos, aos mestres descolados que hoje ensinam a tabela periódica através de paródias musicais, ou que usam a tecnologia para gerar novas experiências de aprendizado aos discentes, a pedagogia avançou no tempo humanizando, democratizando, estimulando a troca de conhecimento nas salas de aula.
Mas eis que, agora, uma medida legislativa traz mais horror para nossas crianças e adolescentes do que o que a extinta palmatória causava nos estudantes da década de 60: o confisco do aparelho celular durante as aulas. Como nós pais sabemos, nem ficar de joelho em caroços de milho - que era o pior suplício de nossa geração - pode ser comparado à aflição da gurizada de hoje com a perda - mesmo que transitória - do smartphone. Se o seu filho não lhe obedecer, prometa tomar o celular que ele fica pianinho.
Apesar da polêmica, o projeto de lei 104/2015, que proíbe o uso de celulares e outros aparelhos eletrônicos portáteis em salas de aula, passou na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados. Rio de Janeiro e São Paulo já aplicam a medida em suas escolas. E a proibição é defendida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que se baseiam em estudos que comprovam que os estímulos causados pelo celular afetam a capacidade de comunicação e concentração, impactam negativamente a qualidade do sono, da memória e da saúde mental da meninada, causando transtornos de ansiedade.
O Brasil - a bem da verdade - já está meio atrasado nesta norma. Países como Bélgica, Espanha, França, Grécia, Suíça, México e Reino Unido já adotaram a medida com base em estudos que apontam uma correlação negativa entre o uso excessivo de tecnologias e o desempenho acadêmico.
E antes que um de nossos Joãozinhos protestem em sala de aula, argumentando que a lei só pune as crianças, enquanto os adultos continuam no trânsito, no trabalho, nos almoços de família, nas reuniões de amigos, no convívio com os filhos muito mais atentos ao celular do que à vida, eu deixo aqui meus protestos por esta discriminação, considerando a máxima de que a verdadeira educação começa em casa.
E, quanto ao apego às telas e à consequente indiferença ao próximo, nós só temos compartilhado maus exemplos.
Que nossos filhos, naturalmente, imitam.
Num ciclo vicioso que, aos poucos, subverte a atenção.
Do que realmente importa...
Se queremos filhos menos apegados às telas, precisamos ser pais mais conectados ao que realmente importa: o exemplo que damos.
Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.