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A moda agora é comer ovo
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Líder classista, empresário do setor de farmácias, é diretor da Confederação Nacional do Comércio (CNC) desde 2018

A moda agora é comer ovo

A atual corrida do ovo é só mais uma propaganda de fórmula mágica que promete beleza, vitalidade, perenidade daquilo que um dia será vencido pela lei da gravidade e pelo decurso do tempo: a formosura
Gracyanne Barbosa foi para a Xepa e terá de se adaptar à quantidade limitada de comida, principalmente ovos (Foto: Reprodução/TV Globo)
Foto: Reprodução/TV Globo Gracyanne Barbosa foi para a Xepa e terá de se adaptar à quantidade limitada de comida, principalmente ovos

Mesmo com 2024 terminando como o ano mais quente da história da humanidade, 2025 começando com enchentes e inundações em várias cidades brasileiras e as notícias bombando na internet fazendo a Receita Federal voltar atrás na fiscalização do pix, nada causou tanto frisson no País, nesta semana, como a notícia de que a BBB Gracyanne Barbosa come 40 ovos por dia para conservar o corpanzil que arrebata, acalma e conforma o cantor Belo.

Fazendo uma conta rápida, a musa fitness consome 1,2 mil ovos por mês, e, no ano, 14,4 mil. É um verdadeiro teju. E, considerando que o preço médio do alimento esta semana chegou aos R$ 0,44, numa dieta de 40 ovos, o consumo diário fica em R$ 17,59. Por mês, isso representa um gasto de R$ 527,73 e, ao ano, a bagatela de R$ 6.332,80.

Alheio a este significativo custo, o público marombeiro já esvazia as gôndolas dos supermercados à procura da proteína. Isso para desespero daqueles que, na falta da prometida, mas ainda inacessível picanha, são adeptos do ovo não por vaidade, mas por extrema necessidade, e que agora veem, desesperadamente, o alimento escassear após a revelação da dieta de Gracy.

Mas a atual corrida do ovo é só mais uma propaganda de fórmula mágica que promete beleza, vitalidade, perenidade daquilo que um dia será vencido pela lei da gravidade e pelo decurso do tempo: a formosura. O último a desistir dessa luta inglória, na semana passada, foi Bryan Johnson, empresário americano conhecido por investir na busca incessante pela juventude eterna, com dietas restritivas, terapias polêmicas e até transfusões do plasma do sangue do filho adolescente.

No final das contas, toda essa frivolidade que vai do ovo ao plasma se resume ao que o Eclesiastes já profetizou na Bíblia: “Vaidade de Vaidades! Tudo é vaidade”. Sim, vaidades agora turbinadas na nossa sociedade hiperconectada e impregnada pelo metaverso, pelo paralelismo da rede social, onde todo mundo é rico, feliz e próspero, pelo menos enquanto dure uma selfie.

Já os ricos, felizes e prósperos de verdade (aqueles muquiranas que pedem desconto em tudo, que pechincham, que não esnobam, que valorizam o dinheiro que têm) revelaram, recentemente, à Revista Fortune, a adesão à cultura do subconsumo: andam em carro de segunda mão, compram comida congelada, só vestem roupas que duram muito e, quando viajam, usam as milhas do cartão de crédito para economizar nas passagens.

Para essa gente, prioridade mesmo é boa educação para os filhos, flexibilidade de horários nas rotinas e liberdade para viver a vida.

Sem overdose de ovo para parecer bonito.

Sem a escravidão dos boletos para parecer bem-sucedido.

Sem necessidade de parecer, nem de aparecer nem de aparentar ser.

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