![Foto de Maurício Filizola](https://mais.opovo.com.br/_midias/jpg/2023/12/07/100x100/1_mauricio_filizola-24528766.jpg)
Líder classista, empresário do setor de farmácias, é diretor da Confederação Nacional do Comércio (CNC) desde 2018
Líder classista, empresário do setor de farmácias, é diretor da Confederação Nacional do Comércio (CNC) desde 2018
A justiça sempre foi representada por uma balança. O símbolo é claro: equilíbrio, equidade, a busca pela verdade sem pender para um lado ou outro. Mas o que acontece quando essa balança é manipulada? Quando a mão que deveria apenas pesar os fatos decide também escolher quais vozes podem ser ouvidas?
Na crônica anterior, falamos sobre a injustiça do silêncio, sobre como a omissão diante do erro nos torna cúmplices. Agora, aprofundamos essa reflexão com uma questão que vai além dos tribunais e chega ao nosso direito mais básico: a liberdade de expressão.
Nos fazem acreditar que há um dilema: liberdade ou segurança. Mas essa escolha é uma armadilha. O maior truque do poder sempre foi transformar a liberdade de expressão em um tema político, quando, na verdade, ela é um princípio fundamental de qualquer sociedade livre. Quando a censura se apresenta como solução, não estamos resolvendo um problema, estamos criando um maior: um Estado que decide o que pode e o que não pode ser dito.
A história já mostrou esse roteiro diversas vezes. No passado, impérios e governos totalitários criminalizaram a crítica e silenciaram opositores em nome da ordem. Na antiga União Soviética, discordar do governo significava desaparecer. Na China, questionar políticas pode levar à perda de direitos básicos. O problema não está no governo específico, mas no mecanismo que se repete: sempre que quem detém o poder começa a definir os limites do que pode ser dito, o que vem a seguir não é proteção, mas controle.
Hoje, vemos essa engrenagem girar novamente. O pretexto da vez são as fake news. E sim, elas são um problema real. Já manipularam eleições, enganaram milhões, causaram danos irreparáveis. Mas desde quando a solução para um problema é calar todo mundo? Desde quando proteger a verdade significa impedir as pessoas de falar?
O exemplo do PIX é emblemático. Quando a população se revoltou contra a ideia de taxação, a resposta do governo foi acusar a indignação de ser baseada em fake news. O detalhe? O povo não estava apenas protestando contra o PIX, mas contra um sistema de impostos abusivos, contra a corrupção, contra o desperdício do dinheiro público. Mas, ao invés de ouvir a crítica, a resposta foi tentar deslegitimá-la. O jogo é simples: se algo incomoda, basta rotular de desinformação e silenciar.
A solução para fake news não é censura, é educação. Precisamos ensinar as pessoas a pensar, questionar e diferenciar fato de manipulação. O problema nunca será o debate, mas sim a falta dele. O dia em que a crítica ao governo for considerada um crime, quando não pudermos mais questionar, cobrar ou até mesmo reclamar, a liberdade terá sido perdida sem que sequer percebamos.
A balança da justiça se desequilibra quando apenas um lado pode falar. E quando o silêncio se torna regra, não há mais justiça, apenas controle.
Uma sociedade que troca liberdade por silêncio não está se protegendo, está se entregando.
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