
Líder classista, empresário do setor de farmácias, é diretor da Confederação Nacional do Comércio (CNC) desde 2018
Líder classista, empresário do setor de farmácias, é diretor da Confederação Nacional do Comércio (CNC) desde 2018
Nem o aumento no preço do café, nem a escassez de ovo, nem a desistência do sertanejo Gustavo Lima de disputar a Presidência da República, nada nos causou tanto espanto do que perder para a Argentina de 4 a 1, com direito a dar apenas dois chutes a gol.
É que, mesmo na ditadura militar, o futebol sempre foi o bálsamo que alivia as dores e traumas do nosso povo, principalmente dos mais humildes, para quem, em virtude da dureza diária da vida, restam poucas alternativas de lazer.
Quando a "pátria de chuteiras" entra em campo, até a nossa síndrome de cachorro vira-lata — expressão cunhada na década de 1950, por Nelson Rodrigues, que traduzia o nosso sentimento de inferioridade em relação a outros países — vira do avesso, e a gente se sente uma superpotência mundial. Quer dizer... se sentia, né?
Saudosismo à parte, fica difícil, para quem se acostumou com Romários, Ronaldinhos, Kakás, Robertos Carlos, se acostumar com subprodutos como Murillo, Joelinton, Aranna.
O que ocorreu com o nosso futebol? É a administração oligárquica do presidente da CBF, que vetou que os presidentes de federações estaduais sequer recebessem uma visita de Ronaldo Fenômeno, que demonstrou interesse em dirigir a entidade e pediu, apenas, para ser ouvido?
É a falta de disciplina e liderança dos nossos treinadores que faz com que, mesmo entendendo mais de futebol do que os portugueses, percam cada vez mais espaço para os patrícios, até nos times nacionais?
É a violência urbana que comprometeu nossa fábrica de craques - os campos de terra de nossas cidades - que ou cederam lugar para o boom imobiliário dos condomínios de luxo ou esvaziaram-se, amedrontados pelo crime organizado?
Ou isso é apenas mais um sintoma da nossa sociedade hiperconectada - a exemplo do que ocorre com outras mãos-de-obra - em que nossos jovens talentos se enclausuram, se deprimem, se boicotam, se omitem dos grandes feitos, dos grandes sonhos, preferindo, nas palavras de Theodore Roosevelt, "a companhia dos espíritos tímidos, que não conhecem nem a vitória, nem a derrota"?
Sendo todas essas coisas, ou uma ou outra coisa ou nem uma coisa nem outra, a gente precisa achar o caminho de casa.
Porque a gente até se acostuma a viver sem quase nada.
Desde que não falte o bom futebol.
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