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Apaixonados Pela Vida
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Juiz federal, foi vice-presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe/2010-2012). É professor em cursos de pós-graduação e professor convidado da Escola da Magistratura Feral da 5ª Região (Esmaf), da Escola da Magistratura do Estado do Ceará (Esmec) e da Escola de Administração Fazendária (Esaf). É autor dos livros

Nagibe Melo opinião

Apaixonados Pela Vida

No Evangelho de João, no princípio era o logos; no fim, a paixão. Talvez isso defina bem a vida, pathos e logos a dançarem dentro de nós para desenhar, às vezes com calma, às vezes com fúria, a linha que chamamos de destino
Nagibe de Melo Jorge Neto, juiz federal, escritor, professor da UniChristus (Foto: Acervo Pessoal)
Foto: Acervo Pessoal Nagibe de Melo Jorge Neto, juiz federal, escritor, professor da UniChristus

A primeira vez que me apaixonei, eu devia ter nove anos. Desde então, não lembro de viver sem paixão: por pessoas, ideias, paisagens, viagens, livros, músicas, pelo mar, por um propósito, pela poesia. Meus filhos dizem que me apaixono fácil, sou emocionado demais; alguns amigos talvez me julguem tolo.

Qual o lugar da paixão nas nossas vidas? Andei pensando sobre isso neste último solstício, quando o sol atinge seu ponto mais ao Sul, e começa seu caminho de volta ao Norte. Na Terra, fechamos um ciclo. É tempo de recomeços.

Para os gregos, a paixão turva a razão, pode nos levar à desgraça, causa a tragédia. O pathos é contrário ao logos, que representa a razão, o equilíbrio, a temperança. O homem que domina a si mesmo é aquele que não se deixa levar pelas paixões. Todos deveríamos cultivar algum grau de desconfiança desses sentimentos turvos e loucos.

No Evangelho de João, no princípio era o logos; no fim, a paixão. Talvez isso defina bem a vida, pathos e logos a dançarem dentro de nós para desenhar, às vezes com calma, às vezes com fúria, a linha que chamamos de destino. Se logos é nosso guia, pathos é o que nos move. Não podemos viver sem um ou outro.

É impossível amar se não estamos dispostos a sofrer. Desconfio que, quando recusamos a paixão, damos às costas também o amor. Já quando amamos gratuitamente, sem esperar muito em troca, quebramos o grilhão que escraviza o amor ao sofrimento; o sucesso, ao atingimento de metas. E quem pode romper o grilhão?

Infelizmente, não podemos, mas podemos tentar. A vida vale todas as tentativas porque tudo que fazemos é tentar ser felizes até que a morte nos ensine que toda tentativa é vã. Ao mesmo tempo, é o que temos de mais precioso, porque a felicidade é feita, ela mesma, das tentativas. Ao fim e ao cabo, não há nada mais que isso.

Então, amigos, desejo que em 2025 possamos continuar tentando. Que possamos nos apaixonar sem expectativas, sem medo e sem pudor, porque estar apaixonado já é o pagamento da paixão, amar já é o pagamento do amor. 

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