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Oito mil boas noites pra você, Cid Moreira
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Jornalista, colunista de Economia da rádio O POVO/CBN; Coordenador de Projetos Especiais do Grupo O POVO DE COMUNICAÇÃO; Co-Autor do livro '50 Anos de Desenvolvimento Industrial do Ceará' e autor dos 'Diálogos Empresariais', dois livros reunindo depoimentos de líderes empreendedores do Estado do Ceará

Oito mil boas noites pra você, Cid Moreira

Cid foi um apresentador irretocável na narração e compreensão do texto. Era o soberano, a palavra acreditada, tal a imersão que a notícia ganhava com o timbre na sua narração
Tipo Opinião
Cid Moreira: os últimos anos do jornalista e antigo âncora do Jornal Nacional (Foto: Acervo TV Globo/Divulgação)
Foto: Acervo TV Globo/Divulgação Cid Moreira: os últimos anos do jornalista e antigo âncora do Jornal Nacional

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Durante os treze anos que apresentei o Jornal Nacional local (era assim que se chamava) entreguei com o meu boa noite no encerramento ao Cid Moreira, para o Jornal Nacional que se seguia. Eram os anos 70 e início dos 80. Tempos sem internet nem redes sociais, sem teleprompter nem recursos digitais. A audiência era absoluta em todo o País. No Ceará, as pesquisas apontaram à época perto de 80/88% das TVs ligadas no horário. Tudo em cores, porque desde a Copa de 1970 a tecnologia havia chegado, com o varejo ganhando fortunas na venda dos novos aparelhos.

O primeiro companheiro de Cid no JN foi Hilton Gomes, vindo do Repórter Esso, de extraordinária audiência radiofônica. Seguiu-se Sérgio Chapelin, com quem Cid dividiu a bancada por mais de vinte anos.
Às dezenove horas, o Brasil aguçava os olhos e ouvidos, sofás e cadeiras de balanço a postos diante da TV, pois começara o Jornal Nacional local e nacional! Nas salas, o silêncio absoluto; as mães e avós se maquiavam para serem “olhadas” por mim, Cid e Chapelin. Havia uma certa percepção - que hoje se atribuiria a Inteligência Artificial - de que elas estavam sendo vistas pelos apresentadores. Aqueles “brotos” elegantes de paletó e gravata.

Minha convivência pessoal com Cid não existiu ao longo dos anos. Com Chapelin, comemos camarão e peixe algumas vezes, quando vinha de férias a Fortaleza.

Cid foi um apresentador irretocável na narração e compreensão do texto. No meu caso, eu talvez tenha sido um dos primeiros âncoras de telejornal do País, pois além de apresentá-lo exercia as funções de editor e redator. Meu papo constante era com a irrequieta e brigona Alice Maria, chefe de redação da TV Globo. Esporro faz parte das redações, bem como o cafezinho em seguida para comemorar a missão bem cumprida.

Cid Moreira no entanto era o soberano, a palavra acreditada, tal a imersão que a notícia ganhava com o timbre na sua narração. A credibilidade de outrora do JN deve muito ao seu narrador irretocável.
Sem dúvidas ele foi o maior de todos nós. Nas férias, Cid costumava vir a Fortaleza jogar tênis, seu esporte predileto. Cid Moreira nos deixa com oito mil boas-noites, guardados na memória da televisão brasileira.

Foto do Nazareno Albuquerque

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