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Rombo do INSS: culpa das mulheres?
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Colunista de Economia, Neila Fontenele já foi editora da área e atualmente ancora o programa O POVO Economia da rádio O POVO/CBN e CBN Cariri.

Rombo do INSS: culpa das mulheres?

O problema da previdência não é a sobrevida das mulheres, mas uma desestruturação do mercado de trabalho que vem ocorrendo ao longo dos anos. É evidente a ausência de uma política para a formalização do trabalho
Tipo Análise
NÚMEROS do Caged sobre o saldo 
de emprego por faixa etária em 2023 (Foto: Flourish)
Foto: Flourish NÚMEROS do Caged sobre o saldo de emprego por faixa etária em 2023

Quero inicialmente pedir desculpas a quem acompanha esta coluna por insistir no tema do envelhecimento, mas há um desenho quase apocalíptico sendo criado. E o pior: novamente as mulheres são apontadas como culpadas.

Conforme estudo recente do IBGE, há uma mudança geracional forte e impactante em curso. O economista Fábio Giambiagi fez as contas e apresentou, em artigo no jornal O Globo, algumas projeções; para ele, em 2050, uma geração (mais velha) não será sustentada pela outra (mais nova) e, como tende a haver a redução do número de filhos nas famílias, isso ficará cada vez mais mais complicado para a previdência, porque os custos com os benefícios aumentarão e o número de contribuições deve diminuir.

Como pelas estatísticas, as mulheres vivem mais do que os homens, elas devem ser sustentadas por pensões e aposentadorias por mais tempo. Diante disso, o economista acredita que a reforma da aposentadoria realizada em 2019 não dará conta do aumento das despesas do INSS (aproximadamente R$ 920 bilhões).

Em 2019, houve mudança na idade de aposentadoria para as mulheres, que passou de 60 para 62 anos. Para Giambiagi, essa mudança ainda foi "bondosa", já que o Censo de 2022 mostra que, de cada 100 brasileiros, 51 são mulheres e, pelo perfil etário que vem sendo mantido, o público de beneficiários do INSS será cada vez mais feminino. Portanto, as possíveis reformas da previdência deveriam passar por uma "questão de gênero".

Pensemos: as mulheres comprovadamente já realizam mais de uma jornada de trabalho; infelizmente continuam ganhando menos que os homens; também comumente adoecem mais, em função desse desgaste; e agora podem ser penalizadas em uma reforma por viverem mais?

Há informações não colocadas pelo economista. As despesas do INSS não são ameaçadas apenas por uma mudança geracional, mas por vários outros fatores ligados ao desemprego e a informalidades. O sociólogo Erle Mesquita lembra ainda que há ainda o agravante da rotatividade no emprego, fator percebido principalmente nas novas gerações. Os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram a dificuldade de permanecer no emprego principalmente quando se é mais velho (ver gráfico).

Portanto, o problema da previdência não é a sobrevida das mulheres, mas uma desestruturação do mercado de trabalho que vem ocorrendo ao longo dos anos. É evidente a ausência de uma política para a formalização do trabalho. A última que ocorreu foi a criação dos Microempreendedores Individuais, ainda em 2008. É hora de uma articulação mais profunda para a busca de soluções, sem culpar quem vive mais.

Ou seja, vida longa às mulheres!

MULHERES NO AGRO

As mulheres têm uma participação representativa no agro cearense, mas falta o reconhecimento disso. Este ano, a PEC Nordeste 2024 pretende garantir a visibilidade às ações femininas durante o Encontro Mulheres do Agro. A previsão é de participação de mais de mil participantes. O evento ocorre sábado, dia 8 de junho, no Centro de Eventos do Ceará.

EQUIDADE NA EDUCAÇÃO

A Fundação Demócrito Rocha (FDR) realiza, hoje, às 20 horas, a live "Como desenvolver equidade no ambiente escolar" através do canal da instituição no YouTube. A ação visa alinhar políticas educacionais a fim de oferecer estratégias práticas para garantir uma educação democrática e equitativa. Com foco em profissionais que atuam no ambiente escolar, serão sorteadas bolsas de estudo durante a transmissão, e os participantes inscritos receberão certificado. As inscrições estão abertas e podem ser realizadas gratuitamente pelo site https://conteudo.fdr.org.br/equidadenaescola.

 

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