
Colunista de Economia, Neila Fontenele já foi editora da área e atualmente ancora o programa O POVO Economia da rádio O POVO/CBN e CBN Cariri.
Colunista de Economia, Neila Fontenele já foi editora da área e atualmente ancora o programa O POVO Economia da rádio O POVO/CBN e CBN Cariri.
Você abriria mão do seu celular nos dias de hoje? Sabe de onde foram extraídos os seus componentes?
A crise climática lança uma série de questões sobre as escolhas feitas na economia, inclusive sobre produtos. Há uma corrente defensora da necessidade do decrescimento, ou seja: de uma redução gradual e planejada do consumo, como sugerem o antropólogo britânico Jason Hickel e o economista e filósofo francês Serge Latouche. Ambos são críticos da ideia de progresso e questionam se haverá vida após o desenvolvimento - pergunta bem pertinente diante dos intensos fenômenos climáticos ocorridos recentemente. Porém, quem está disposto a abrir mão da sociedade de consumo, do emprego e das possibilidades apresentadas pelo mercado?
Diante disso, as saídas apontadas até agora tentam, em alguns casos, uma redução de danos, o que exige também uma postura ética e moral não somente de empresários e governos, mas também de quem compra. A transição energética, por exemplo, está entre as ações mitigadoras; apesar disso, ela também gera o seu impacto, e isso ocorre em vários setores, inclusive a mineração, com uma demanda maior por nióbio, lítio, terras raras, cobalto e quartzo, respectivamente.
Emissão de carbono
O Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) realizou estudos sobre o assunto. Pelo levantamento, as atividades de mineração no país lançaram na atmosfera 12,8 milhões de toneladas de dióxido de carbono (tCO2e) em 2022. O presidente do Instituto, Raul Jungmann, considera que esse total representa apenas 0,55% das emissões de gases do efeito estufa produzidos no Brasil em 2022 - índice total esse calculado em 2,3 bilhões de toneladas, segundo estudos do Observatório do Clima.
Jungmann já declarou sua insatisfação com esses resultados; o objetivo do Ibram é chegar a 2030 ou 2040 a emissão de zero carbono, o que seria muito bom. O problema é que há tanto um longo percurso a ser desenvolvido quanto a demanda crescente por minerais, o que exigirá muito mais tecnologia e cuidado com a natureza.
Fica a pergunta: é possível, simultaneamente, extrair minérios e ser sustentável? O advogado e consultor Tomás Figueiredo de Paula Pessoa acredita que sim. Em entrevista ao programa Economia, realizado pelo Canal FDR/Futura, ele ressalta experiências da Vale, inclusive em Carajás, onde a floresta é preservada. Na sua avaliação, mesmo com a ocorrência de alguns desastres, existem também boas experiências.
Reservas de lítio
O processo de transição energética demandará o fortalecimento de novas cadeias produtivas, inclusive no Ceará. Tomás Figueiredo destaca, por exemplo, o carro elétrico, que exigirá seis vezes mais minérios do que um veículo comum.
"Há muitos minérios envolvidos na construção de uma bateria", reforça ele. No caso de geração eólica não é diferente: "Um parque de geração eólica, com a mesma capacidade de uma termelétrica, exige 13 vezes mais minérios do que aquela termelétrica que gera a mesma quantidade de energia. Então, será preciso mais mineração para suportar a redução do carbono".
Vale lembrar que o Ceará tem um grande potencial na área mineral, possuindo em Solonópoles a terceira maior província de lítio do Brasil - portanto, uma grande oportunidade para o desenvolvimento da região, mas que também terá de ser estudada, respeitada e preservada. O programa Economia será exibido quarta-feira, às 17 horas, com reprise às segundas, às 10 horas (Canal FDR/Futura - 48).
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