Colunista de Economia, Neila Fontenele já foi editora da área e atualmente ancora o programa O POVO Economia da rádio O POVO/CBN e CBN Cariri.
Colunista de Economia, Neila Fontenele já foi editora da área e atualmente ancora o programa O POVO Economia da rádio O POVO/CBN e CBN Cariri.
Alguém já parou para pensar sobre o cenário que estamos criando atualmente?
A natureza tem dado vários avisos do quanto nós, seres humanos, nos tornamos insuportáveis, mas parece que continuamos apáticos em relação a essa situação. A tragédia no Rio Grande do Sul é uma amostra do que está acontecendo.
Além disso, temos cada vez maior expectativa de vida, mesmo engolindo cada vez mais plástico e consumindo cada vez mais remédios para dormir - aliás, as farmácias competem com os espaços dos supermercados, tamanho o aumento do volume de suas vendas nos últimos anos.
Ou seja: a ideia contemporânea de progresso não significa a mesma coisa que uma melhoria de vida como é vendida muitas vezes na publicidade; há uma complexidade do impacto que tentamos dimensionar agora.
Diante de tal quadro, o Senado brasileiro se preocupa em analisar algumas propostas bem distantes da complexidade dos nossos tempos atuais. A "PEC das Praias", por exemplo, parece preocupada apenas em garantir a especulação imobiliária em terrenos de marinha, como se isso já não existisse. A questão está acima do que pode ser considerado "de direita" ou "de esquerda"; ela está na falta de bom senso perante os problemas apresentados no momento.
Afinal, discutir a possibilidade de venda de áreas da União no litoral diante do atual contexto climático é, no mínimo, inapropriado - isso, sem falar na relação das comunidades com as suas praias e seus possíveis impactos. A "PEC das Praias" que está no Senado mostra uma ideologia atrasada de desenvolvimento. A questão em jogo não é mais apenas a possibilidade de investimento e a geração de emprego: é também a qualidade do mundo que estamos criando.
As situações são mais complexas. Não basta apenas o colonialismo simples de quem tem dinheiro. A pergunta é, efetivamente, qual o litoral que nós queremos: simples e limpo, de cuidados com as comunidades ribeirinhas e com o avanço do mar? Ou cheio de empreendimentos e fluxo de turistas que geram dinheiro, mas às custas, muitas vezes, do aumento do esgoto e do lixo, e do impacto na natureza?
Portanto, só o discurso do dinheiro não é suficiente. Como já dizia Adam Smith, "no longo prazo, todos nós estaremos mortos".
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