
Colunista de Economia, Neila Fontenele já foi editora da área e atualmente ancora o programa O POVO Economia da rádio O POVO/CBN e CBN Cariri.
Colunista de Economia, Neila Fontenele já foi editora da área e atualmente ancora o programa O POVO Economia da rádio O POVO/CBN e CBN Cariri.
Confesso o meu cansaço para falar de certos assuntos; os juros básicos estabelecidos pelo Banco Central estão entre eles. Já passei por momentos na redação em que fazíamos bolão para saber quem acertaria a redução estabelecida pela Copom. Entretanto, a cada dia que passa, esse jogo fica mais desinteressante. A decisão estabelecida na semana passada em manter a taxa Selic em 10,50% ao ano, por exemplo, não surpreendeu; já era esperada e anunciada pelo mercado.
Cheguei a entrevistar na semana anterior, na rádio O POVO/CBN, uma economista do Banco Itaú que reforçava a necessidade de manutenção dos juros altos, devido a fatores inflacionários tais como o salário mínimo, reajustado neste ano. Na equação feita por ela, não havia o fator multiplicador de uma circulação maior de dinheiro na economia, gerando receitas para comércio, indústria e governo. Ou seja: o efeito positivo de uma política mais expansionista.
Convenhamos: uma inflação projetada em 4% ao ano não representa nada desesperador para interromper um calendário de redução de juros, principalmente quando o núcleo da inflação não está ligado à expansão expressiva do consumo, mas a outros fatores, entre eles o climático.
Essa é uma discussão velha, enviesada por questões políticas e econômicas, e que deixa de fora as principais pessoas interessadas: quem paga o crédito tomado nas instituições financeiras, ou seja, muitos endividados (78,3% da população brasileira). Isso ocorre também porque há uma desproporção absurda entre os valores cobrados e aqueles pagos pelas instituições financeiras nas operações oferecidas a sua clientela.
Entendo que a decisão é técnica mas, infelizmente, limitada apenas pelo olhar do mercado.
O crescimento do público 50 tem provocado mudanças nas estratégias de alguns bancos. O Mercantil, por exemplo, que tem 80 anos e é focado neste público mais experiente, passou a investir na abertura de lojas físicas, além dos produtos digitais.
Em entrevista à coluna, o vice-presidente de Clientes, Crescimento e Marketing da instituição, Bruno Simão, contou que serão abertas mais 10 agências físicas do Mercantil, das quais uma no Centro de Fortaleza. O banco fez uma avaliação das experiências da sua clientela e percebeu a associação entre loja física e segurança. "Mesmo que o cliente não vá à loja, ele quer saber onde fica a loja física", acrescenta Bruno.
As pessoas na faixa 50 muitas vezes estão enquadradas no que se chama de "geração sanduíche" (que sustenta os filhos e os pais) - portanto, em muitos casos, requer mais recursos financeiros. O banco viu nesse nicho oportunidades e tem conseguido bons resultados. A instituição registrou lucro líquido de R$165 milhões no primeiro trimestre deste ano. O crescimento anual da instituição foi de 142%, em comparação ao mesmo período em 2023. Somente a carteira de crédito do banco chegou a R$14,9 bilhões no primeiro trimestre de 2024 (uma elevação de 22,3% em relação ao mesmo período no ano passado). O resultado foi impulsionado pelo crédito consignado, com 8,2 milhões de clientes.
Detalhe: a taxa de inadimplência acima de 90 dias teve queda de -0,23 p.p. em relação ao primeiro trimestre de 2023, atingindo 2,5%, uma das menores do mercado. Bruno Simão é defensor do crédito consignado. "Ele tem um papel social forte - empréstimo e cartão -, até para a negociação de dívidas mais caras", acrescenta.
O programa Economia desta semana trata dos novos modelos de administração de recursos humanos. Entrevistamos a business partner da Unimed Fortaleza, Kellen Aguiar. O programa Economia será exibido quarta-feira, às 17 horas, no Canal FDR (48), com reprise às segundas-feiras, às 10 horas.
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