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Para superar o "tê-tê-tê" e derreter tumores
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Colunista de Economia, Neila Fontenele já foi editora da área e atualmente ancora o programa O POVO Economia da rádio O POVO/CBN e CBN Cariri.

Neila Fontenele ciência e saúde

Para superar o "tê-tê-tê" e derreter tumores

O papel e a simbologia das palavras e das expressões no cotidiano para enfrentar os males
Tipo Opinião
CAPA - Cuidados e palavras (Foto: ADOBE STOCK)
Foto: ADOBE STOCK CAPA - Cuidados e palavras

No caminhar por essa vida tenho encontrado muitas pessoas interessantes, cujas vozes reverberam em mim. Uma delas é uma senhora, com mais de 70 anos, que dedicou muitos anos ao trabalho como professora e para cuidar dos filhos. Até pouco tempo, ela dirigia e se desdobrava em várias atividades, mas, depois do falecimento do marido, entrou em um quadro demencial.

Encontramo-nos algumas vezes em um abrigo de idosos e as suas expressões sempre me chamaram a atenção. Ela repetia várias vezes termos como "diab" e "merd" sem conseguir completar a última sílaba. Em um determinado dia, passei distraída e não a cumprimentei. A resposta dela foi imediata: colocou o pé na minha frente para eu cair. Entendi o gesto como um pedido de atenção; desde então, dediquei algum tempo para escutá-la. E ela falava:"tê-tê-tê, tê-tê-tê …"

Parecia algo sem sentido, mas depois comecei a compreender: esse é o discurso recorrente, corriqueiro para as reclamações cotidianas que parecem banais. São questões aparentemente pequenas, mas desgastantes. É um "tê-tê-tê" inacreditavelmente engolidor de sílabas, palavras e ações. São as coisas nas quais não acreditamos em solução, mas sabemos que precisamos tentar superá-las e unir forças para aliviar as dores desse caminho.

Por isso, dedico a abertura dessa primeira coluna (voltada às áreas de saúde e bem-estar) tanto aos prisioneiros do "tê-tê-tê" da vida quanto aos profissionais dedicados ao cuidado de quem está sucumbindo à sua força - médicos, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, educadores físicos e vários outros profissionais, que tentam aliviar as dores provocadas pelas ausências ou pelos excessos de palavras e pelas circunstâncias tortuosas.

Como já disse a filósofa Viviane Mosé: "Lágrima é raiva derretida, raiva endurecida é tumor. Lágrima é alegria derretida, alegria endurecida é tumor. Tempo endurecido é tumor, tempo derretido é poema".

HOSPITAL HELP inaugura Centro Oncológico(Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação HOSPITAL HELP inaugura Centro Oncológico

Nordeste: novo centro oncológico

O aumento do número de diagnósticos de câncer tem provocado um aumento do aporte de investimentos na área. É o caso do Hospital de Ensino e Laboratórios de Pesquisa (Help): localizado em Campina Grande (PB) e mantido pela Fundação Pedro Américo, que celebrou um ano de inauguração com a abertura de um Centro de Oncologia de última geração.

Com investimento de R$ 24 milhões, o Help pretende ser a grande referência do Nordeste na área. A primeira sessão de radioterapia, realizada no mês de maio.

Detalhe: o Help faz atendimentos pelo SUS.

Atendimento integrado

Em entrevista à coluna, o médico Ricardo Marques, idealizador do projeto, falou que o Centro de Oncologia do Help oferece vários exames e procedimentos - entre eles, ressonância magnética, tomografia computadorizada, ecocardiograma, ultrassonografia, colonoscopia, endoscopia, densitometria óssea e raios-x -, além de estar em processo de licitação na compra de um aparelho de PET Scan (ou PET-CT). Apesar da relevância de todo o equipamento tecnológico, Ricardo afirma que o grande destaque é o atendimento integrado. "No caso do câncer de mama, por exemplo, o paciente é atendido por oncologista, mastologista e radioterapeuta ao mesmo tempo", reforça.

Esse modelo de trabalho garante mais agilidade para o início do tratamento e para a escolha dos procedimentos. Atualmente, em várias clínicas e hospitais, os pacientes são atendidos separadamente, muitas vezes em diferentes consultórios.

 

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