Neila Fontenele é editora-chefe e colunista do caderno Ciência & Saúde do O POVO. A jornalista também comanda um programa na rádio O POVO CBN, que vai ao ar durante os sábados e também leva o nome do caderno
Neila Fontenele é editora-chefe e colunista do caderno Ciência & Saúde do O POVO. A jornalista também comanda um programa na rádio O POVO CBN, que vai ao ar durante os sábados e também leva o nome do caderno
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Comecei 2025 lendo dois livros, "Vou te Receitar um Gato" e "A Vegetariana", ambos escritos por autoras orientais, uma japonesa (Syou Ishida) e uma sul-coreana (Han Kang, prêmio Nobel de literatura de 2024). Devorei rapidamente as duas publicações, sem a necessidade de nenhum acompanhamento, e lembrei de uma médica que me receitou a leitura de dois livros durante um tratamento de câncer.
Pensei, em ambas as situações: às vezes, o melhor remédio são realmente a Literatura e a Arte em geral, tanto como formas alternativas de estimular a química do corpo quanto como janelas para novas perspectivas de culturas e pensamentos - uma fuga do mapa dos algoritmos que se retroalimenta.
Apesar de eu não receitar estes livros para todo mundo (podendo o último oferecer efeitos colaterais como insônia), certamente eles permitem uma reflexão sobre a cultura e a complexidade das relações, principalmente diante dos rompimentos provocados por mudanças de hábitos, como o tipo de alimentação. Em tempo: não darei spoilers aqui …
Normalmente seria mais simples evitar uma leitura, apenas seguindo o fluxo e os ditames do mercado farmacológico, e as bigtechs também estão atentas a isso: quem tiver dúvidas, basta olhar para as principais buscas feitas no Google, em 2024, para remédios.
Algumas consultorias têm feito a análise desses dados e chegaram à conclusão de que aumentaram as pesquisas por nomes de remédio para dormir: é o caso do famoso Zolpidem (9,8 milhões de pesquisas no último ano); já o Ozempic (fármaco, receitado para pessoas com diabetes tipo 2) foi outro acontecimento, com um crescimento nas buscas em mais de 300% em 2024.
Nem mesmo notícias sobre a dengue, ou uma suposta volta da Covid-19, suplantaram o interesse por informações sobre "emagrecimento rápido". A indústria, atenta a esse interesse, tem lançado novas moléculas, como a Mounjaro, que também já é sucesso, junto com outros medicamentos.
O fato é que as pessoas continuam em busca de soluções rápidas, evitando mudanças no estilo de vida, conforme as velhas receitas médicas já diziam: comer bem (com equilíbrio), tentar desestressar antes de dormir (reduzir o uso de telas) e praticar atividade física com regularidade.
As mágicas dos medicamentos podem até acontecer mas, às vezes, é preciso começar por um livro (ou dois), um bom cochilo ou, quem sabe, um gatinho receitado para romper a rotina… Ou seja: algo que evite o "brain rot" (a deterioração mental ou intelectual causada pelo consumo excessivo de conteúdos online de baixa qualidade).
Feliz 2025 e boas leituras!
O espelho pode ser um bom conselheiro. Sabe aqueles furinhos na pele confundidos com celulite? Eles podem falar muito sobre você. O médico Vitor Cervantes Gornati, especialista em lipedema (descrito como "síndrome de gordura dolorosa" desde os anos de 1940), destaca que é preciso atenção aos sintomas do problema. Segundo ele, essa é uma alteração metabólica, um tipo de inflamação por acúmulo de gordura, que pode provocar dor, cansaço e outras dificuldades.
O lipedema é uma condição crônica que afeta predominantemente mulheres. Normalmente há um acúmulo desproporcional de gordura em áreas como pernas e quadris, afetando a mobilidade e a funcionalidade. Portanto, é preciso um tratamento multidisciplinar, com mudanças na alimentação e atividade.
Vitor Gornati, que é cirurgião vascular, ressalta a necessidade de compreensão dos fatores para esse tipo de inflamação crônica, dos desequilíbrios hormonais e das limitações físicas. "Nosso objetivo é compreender como essas variáveis interagem e criar intervenções mais eficazes, tanto no âmbito do treinamento físico quanto da nutrição", afirma.
É muito mais do que aparência! Atualmente, há um movimento para levar esse tipo de tratamento para o SUS, a fim de evitar futuras complicações. Afinal, é o corpo se manifestando.
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