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O fim do alô?
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Neila Fontenele é editora-chefe e colunista do caderno Ciência & Saúde do O POVO. A jornalista também comanda um programa na rádio O POVO CBN, que vai ao ar durante os sábados e também leva o nome do caderno

Neila Fontenele ciência e saúde

O fim do alô?

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), em documento entregue ao Comitê de Defesa dos Usuários de Serviços de Telecomunicações (Cdust), calculou mais de um bilhão de chamadas de telemarketing abusivo
Tipo Opinião
Telefone fixo (Foto: Freepik)
Foto: Freepik Telefone fixo

O assédio das empresas de telemarketing e os golpes comuns aplicados através de celulares estão criando uma nova relação com a telefonia. Diferente do passado, quando costumava-se atender ligações de números desconhecidos, atualmente há a disseminação de outras práticas: o bloqueio de ligações indesejadas ou a prática de ignorar as chamadas.

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), em documento entregue ao Comitê de Defesa dos Usuários de Serviços de Telecomunicações (Cdust), calculou mais de um bilhão de chamadas de telemarketing abusivo. A agência informou o bloqueio de 184,9 bilhões de chamadas monitoradas de 26 operadoras, desde junho de 2022 até dezembro de 2024 (ou seja, as chamadas de tipo comercial, de prefixo 0303).

Para piorar, ainda existem as fraudes nos identificadores de chamada. Inúmeras reportagens já foram feitas sobre o assunto, denunciando golpes aplicados por criminosos que utilizam a tecnologia para mascarar números de bancos ou empresas para obter dados dos clientes.

Tudo isso tem forçado uma atenção redobrada e até uma repulsa pelas ligações comuns. Mas, mesmo com o endurecimento das regras, dos golpes e da antipatia dos usuários de telefonia, permanece a insistência das empresas que se utilizam desses mecanismos para entrar em contato com seu público ou para fazê-los perder a paciência.

Diante disso, fica a pergunta: qual a razão de tal insistência? Já foi levantado o argumento da empregabilidade do setor de telemarketing - quando se sabe que muitas dessas ligações são feitas por robôs; também foi falado sobre a ausência de alternativas econômicas a esse tipo de contato. Mas o fato é que essa é mais uma forma para empurrar a clientela para os meios digitais, repassando para ela, consequentemente, a responsabilidade da própria segurança.

Depois da queda vertiginosa dos telefones fixos, agora há a desmoralização dos contatos via celular realizados por desconhecidos. Perdem, assim, por exemplo, os consultórios médicos e as clínicas de vacinação, dentre outros serviços que ainda atuam por meios tradicionais, todos empurrados para os atendimentos através das redes sociais digitais - mesmo assim, com a desconfiança da clientela que desconfia do contato.

Seria isso tudo a morte do "alô" e do "quem está falando"?

 

 

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