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É assim que acaba
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Neivia Justa, jornalista, empreendedora, palestrante, mentora, professora, fundadora e líder da JustaCausa, com 30 anos de experiência como líder de Comunicação, Cultura, Diversidade, Equidade e Inclusão em empresas como Natura, GE, Goodyear e J&J. Criadora do programa #LíderComNeivia e dos movimentos #OndeEstãoAsMulheres e #AquiEstãoAsMulheres, foi a vencedora do Troféu Mulher Imprensa e do Prêmio Aberje 2017 e, em 2018, foi eleita uma das Top Voices do Linkedin Brasil.

É assim que acaba

Não li o livro, mas saí do cinema, literalmente, doída. A história ali contada traz muitas nuances das feridas abertas no corpo e, principalmente, na alma de mulheres que são vítimas de violência doméstica
Neivia Justa, jornalista, executiva e criadora do movimento #ondestãoasmulheres (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Neivia Justa, jornalista, executiva e criadora do movimento #ondestãoasmulheres

Não é comum filmes com a temática de violência doméstica se tornarem campeões de bilheteria. Ninguém, em sã consciência, vai sair de casa para assistir uma história em que mulheres apanham dos maridos, certo? Errado.

"É assim que acaba" segue na liderança das bilheterias brasileiras. Estrelado por Blake Lively e Justin Baldoni, arrecadou R$ 11,17 milhões entre os dias 15 e 18 de agosto, levando 504 mil pessoas às telonas.

Eu já sabia que o livro era um fenômeno literário, especialmente entre mulheres jovens. Logo que vimos o trailer no cinema, a Julia, minha filha de 18 anos, me disse: "temos que assistir, mamãe, essa é a história daquele livro sobre o qual te falei, da Colleen Hoover, uma das minhas autoras favoritas."

Não li o livro, mas saí do cinema, literalmente, doída. A história ali contada traz muitas nuances das feridas abertas no corpo e, principalmente, na alma de mulheres que são vítimas de violência doméstica.

Numa das cenas mais impactantes do filme, Lili está na maternidade com Emmy, sua filha recém nascida, e Ryle, seu algoz e pai da criança, pede para segurar a filha, Lili diz:" quero o divórcio". "Só mais uma chance", suplica Ryle.

Lili prossegue: "Ryle, o que você faria se um dia essa garotinha te olhasse e dissesse: 'Pai, meu namorado bateu em mim.' O que você diria a ela? E se ela dissesse: `Pai meu marido me empurrou da escada. Ele disse que foi um acidente. O que devo fazer? `. E se ela chegasse para você e dissesse: `Meu marido tentou me estuprar pai. Ficou me segurando enquanto eu implorava para ele parar. Mas ele jura que isso nunca vai se repetir. O que devo fazer, pai?' O que você diria a ela se o homem que ela amasse de todo o coração a machucasse, Ryle?

"Eu imploraria que ela o largasse. Eu diria que ela merece muito mais que isso. Eu imploraria que ela não voltasse para ele por mais que o amasse."

É nesse momento que Lili diz à filha; "it ends with us." E eu lamentei que a tradução do original tivesse sido "é assim que acaba". Porque a violência "acaba conosco", nos destrói, e deveria "terminar em nós". Que tenhamos coragem, força e resiliência para acabar com essa triste e covarde história da violência dos homens contra nós, mulheres. n

 

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