Neivia Justa, jornalista, empreendedora, palestrante, mentora, professora, fundadora e líder da JustaCausa, com 30 anos de experiência como líder de Comunicação, Cultura, Diversidade, Equidade e Inclusão em empresas como Natura, GE, Goodyear e J&J. Criadora do programa #LíderComNeivia e dos movimentos #OndeEstãoAsMulheres e #AquiEstãoAsMulheres, foi a vencedora do Troféu Mulher Imprensa e do Prêmio Aberje 2017 e, em 2018, foi eleita uma das Top Voices do Linkedin Brasil.
Na semana passada, assisti ao filme "Flores do oriente", que conta a história de transformação do agente funerário John Miller (Christian Bale) ao chegar à cidade de Nanquim para providenciar o enterro de um padre e se depara com jovens estudantes de um convento e prostitutas de um bordel próximo do local, vítimas dos horrores e da brutalidade do exército japonês durante a segunda guerra entre China e Japão, em 1937.
John testemunha o momento em que os soldados japoneses invadem o convento e, não fosse a ação do último soldado chinês vivo, as meninas teriam sido estupradas. Esse episódio o leva a correr contra o tempo e elaborar um plano para salvá-las.
Estamos em 2024 e, aqui no Brasil, nossas meninas seguem sendo estuprada por algozes muito familiares — pais, avós, tios, padrastos, primos e amigos, numa guerra cotidiana dentro de casa. Nem todo homem. Mas sempre um homem. Que deveria cuidar delas e protegê-las.
Segundo o último relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a cada oito minutos, uma mulher é vítima de estupro no Brasil. Ainda mais estarrecedor é o fato de que 74,5% delas são consideradas vulneráveis por serem menores de 14 anos ou possuírem enfermidade, deficiência mental ou outra causa que impeça o consentimento.
Um outro estudo divulgado em agosto deste ano, o Panorama da Violência Letal e Sexual contra Crianças e Adolescentes no Brasil, relata que tivemos 164.199 casos de violência sexual contra crianças e adolescentes até 19 anos, no período de 2021 a 2023. Nesses casos, 87,3% das vítimas são do sexo feminino, 48,3% têm entre 10 de 14 anos, 67% das meninas foram violentadas dentro de casa e 85,1% por homens conhecidos.
Recentemente, eu conversava com minha manicure sobre a série dos Irmãos Menendez, quando ouvi o doloroso relato de duas mulheres que estavam no salão: com lágrimas nos olhos, a mais velha contou que foi vítima do assédio do padrasto, aos 11 anos, e só não foi estuprada graças à intervenção das freiras do colégio, que a acolheram no internato lá no Pará. A mais nova, estuprada por dois amigos, aos 16 anos, numa festa do colégio, sofreu anos calada até conseguir cicatrizar a ferida por meio da fé.
Até quando viveremos essa guerra?
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