Neivia Justa é jornalista, empreendedora, palestrante, mentora, professora, fundadora e líder da JustaCausa, com 30 anos de experiência como líder de Comunicação, Cultura, Diversidade, Equidade e Inclusão em empresas como Natura, GE, Goodyear e J&J. Criadora do programa #LíderComNeivia e dos movimentos #OndeEstãoAsMulheres e #AquiEstãoAsMulheres, foi a vencedora do Troféu Mulher Imprensa e do Prêmio Aberje 2017 e, em 2018, foi eleita uma das Top Voices do Linkedin Brasil
Não consigo parar de pensar n a dor das mulheres que, da noite para o dia, tiveram seus companheiros arrancados de casa, torturados e mortos, sem tempo para drama ou sofrimento
Assisti com um misto de curiosidade, entusiasmo, orgulho e angústia o filme "Ainda estou aqui", de Walter Salles Jr., estrelado por Fernanda Torres e Selton Mello.
Minha curiosidade se devia ao fato de eu querer entender como seria contada uma história que eu só conhecia de maneira superficial. Nasci e vivi meus primeiros 15 anos durante a ditadura militar, no nordeste do Brasil, num mundo analógico em que a narrativa unilateral do governo predominava. Pouco ou nada sabíamos sobre o que, de fato, acontecia no país.
Meu entusiasmo, cinéfila de carteirinha que sou, estava relacionado ao fato de ver as salas de cinema lotadas, Brasil afora, por milhares de pessoas, de todas as gerações, interessadas em prestigiar um filme nacional, ávidas por resgatar, reviver ou conhecer um capítulo sombrio da nossa história.
Meu orgulho, por sua vez, dizia respeito à admiração que tenho pelo cineasta, a atriz e o ator principal do filme. Acompanho e sou fã incondicional do trabalho do Waltinho (sim, me sinto íntima dele!) desde "Terra estrangeira", de 1995, assim como sou tiete da Fernanda Torres desde que ela venceu a Palma de Ouro no festival de Cannes, em 1986, com o filme "Eu Sei que Vou te Amar". Aqui estão as mulheres! E o que dizer do Selton Mello, a meu ver, um dos senão o melhor ator da minha geração? Um dia ainda hei de conhece-los pessoalmente, agradecer e declarar, ao vivo, o quanto os admiro!
Já a angústia me invadiu silenciosa e lentamente durante, mas, principalmente, dias depois de assistir ao filme. Sou filha, esposa e mãe. Não consigo parar de pensar n a dor das mulheres que, da noite para o dia, tiveram seus companheiros arrancados de casa, torturados e mortos, sem tempo para drama ou sofrimento, naquele Brasil em que os direitos de gestão da nossa própria vida e família ainda estavam em construção. A cena em que Eunice dialoga com o gerente do banco é emblemática e desalentadora. O que dizer aos filhos? Como e onde arrumar forças para sobreviver a tamanha tragédia e seguir em frente?
Além dessas, uma pergunta não me saí da cabeça: quem cuidou das viúvas e das crianças órfãs da ditadura, além delas mesmas? Todos esses sentimentos ainda estão aqui. E seguirão ecoando.
Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página
e clique no sino para receber notificações.
Esse conteúdo é de acesso exclusivo aos assinantes do OP+
Filmes, documentários, clube de descontos, reportagens, colunistas, jornal e muito mais
Conteúdo exclusivo para assinantes do OPOVO+. Já é assinante?
Entrar.
Estamos disponibilizando gratuitamente um conteúdo de acesso exclusivo de assinantes. Para mais colunas, vídeos e reportagens especiais como essas assine OPOVO +.