Nessa minha ânsia de ter e nesse meu tédio de possuir, ando em corda bamba sem balanço.

Corro, corro, corro, e não consigo.

Salto, salto, salto, e finalmente alcanço.

Sinto felicidade, satisfação, e depois minimizo.

Me comprimo do tamanho de um grão de areia

Que voa sendo carregado pelo vento.

A infimidade dele, na minha mente, não semeia.

Afinal, não seria a insatisfação o meu sustento?

Eu posso ter uma praia recheada de grãos,

Um vento de esperanças que traz o novo,

Mas eu me apego ao mar cristalino e a
sua imensidão,

Que leva e traz esse meu choro.

O meu tédio é turbulento

E a minha ânsia é sofrida.

Em nenhum deles encontro o acalento

De se ter a vida realmente vivida.