É o(a) profissional cuja função é exclusivamente ouvir o leitor, ouvinte, internauta e o seguidor do Grupo de Comunicação O POVO, nas suas críticas, sugestões e comentários. Atualmente está no cargo o jornalista João Marcelo Sena, especialista em Política Internacional. Foi repórter de Esportes, de Cidades e editor de Capa do O POVO e de Política
Ir aos vários polos de festa em Fortaleza e relatar os momentos desses quatro dias de folia não basta. O objetivo da cobertura passa também por levar ao leitor um olhar mais aprofundado do que foi o Carnaval este ano na Capital
Foto: Samuel Setubal
FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 02-03-2025: Lêda Souto 62, junto com a família em movimentação de foliões se divertindo, mesmo com sol forte o Bloco de Carnaval Soltos na Buraqueira, fez a alegria das fantaias com a banda de marchinhas de carnaval. (Foto: Samuel Setubal/ O Povo)
A cobertura de Carnaval costuma ser uma das mais difíceis dentro do jornalismo pelo desafio que é cativar os leitores durante esse período. Aqueles que gostam de cair na folia normalmente estão muito mais interessados em se esbaldar na festança do que em acompanhar as notícias sobre ela. Por outro lado, os que preferem aproveitar os quatro dias para descansar normalmente querem saber mais de outros assuntos que não estejam relacionados ao Carnaval ou mesmo se desconectar por um tempo do noticiário. Não é simples, portanto, encontrar a fórmula da cobertura que agrade e atraia a maioria do público.
Durante os quatro dias de Carnaval, O POVO fez uma cobertura que pode ser considerada ampla da folia no portal e nas redes sociais. Além da festa em Fortaleza, vários repórteres foram enviados a municípios do litoral cearense que consolidaram tradição de realizar grandes festas. Casos de Aracati, Paracuru, Beberibe, Cascavel e praias da Região Metropolitana como Icaraí e Taíba. A convite da Prefeitura do Recife, a jornalista do Vida&Arte Lara Montezuma trouxe as principais informações do Carnaval na capital pernambucana. Outras festas como a dos trios elétricos em Salvador e a dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro e de São Paulo também ganharam um olhar especial no portal e no Instagram.
Em Fortaleza, especificamente, uma das grandes expectativas era ver como seria o Carnaval descentralizado em vários polos, uma medida adotada pela gestão municipal que tomou posse em janeiro com o intuito de espalhar a folia, em vez de concentrá-la somente em pontos tradicionais como os bairros Benfica e Praia de Iracema e a avenida Domingos Olímpio. A cobertura de Carnaval do O POVO foi também ao Parque Rachel de Queiroz, ao Mercado dos Pinhões, ao Passeio Público e ao Polo Mocinha para conferir a festa. As matérias no portal e nas redes sociais tiveram boas histórias e boas fotos dos personagens brincando o Carnaval.
Mas ir aos vários polos de festa em Fortaleza e relatar os momentos desses quatro dias de folia não basta. O objetivo da cobertura passa também por levar ao leitor um olhar mais aprofundado do que foi o Carnaval este ano na Capital. O caderno especial publicado na edição do impresso da Quarta-feira de Cinzas, 5, deveria ter trazido essa leitura mais analítica do que foi o Carnaval de 2025 na cidade. Embora bem escritos e com uma linguagem leve que priorizou o lado lúdico da festa, os textos não puseram em debate uma avaliação sobre o que representou esse Carnaval descentralizado, por exemplo.
É normal que os textos especiais destaquem um ou mais fatos que tenham sido “a marca do Carnaval”. As matérias do caderno especial evidenciaram elementos que estavam mais próximos do olhar, como as chuvas em Fortaleza que deixaram a festa mais gris por alguns dias e a grande quantidade de referências a Fernanda Torres e ao Oscar nas fantasias. Os fatos menos tangíveis, que requerem um olhar mais apurado como a descentralização do Carnaval, passaram batidos.
Em alguns dos textos, a palavra “multidão” é repetidamente utilizada de maneira genérica, muito mais como um sinônimo do agrupamento de todas as pessoas que estavam nas ruas do que o real sentido de dar ao leitor a percepção de que os polos estão lotados de foliões. Pelas matérias e fotos não foi possível ter uma dimensão se houve ou não grandes aglomerações.
Algumas lacunas que ficaram
Goste ou não dele, o Carnaval é um evento social e cultural que mexe com a dinâmica da cidade e a vida das pessoas, com uma série de impactos econômicos e também políticos. Um caderno especial de Carnaval não pode subestimar esse debate e o produto final deixou muitas perguntas por serem respondidas neste aspecto.
O folião/cidadão comprou a ideia do Carnaval descentralizado em vários polos? Os locais de festa estavam cheios? Os brincantes estavam satisfeitos com as estruturas de segurança, limpeza e trânsito disponibilizadas? O que do evento deste ano pode ser levado de positivo e negativo pensando nos próximos Carnavais?
São questionamentos que deveriam ter sido respondidos ou colocados em discussão. São debates importantes tanto para quem gosta de brincar quanto para quem não gosta. Carnaval é fantasia, alegria e diversão. Mas é também algo que vai muito além e que não pode ser esquecido quando o confete e a serpentina param de cair.
O Oscar e o papel histórico do jornal
Quis o irônico destino que o primeiro Oscar do cinema brasileiro fosse entregue logo no domingo de Carnaval. Ou seja, na véspera de dois dos raros dias nos quais a edição impressa do O POVO não circula (segunda e terça-feira de Carnaval). O fato só estaria estampado na quarta-feira de Cinzas. O que poderia chegar como notícia velha ou intempestiva do ponto de vista jornalístico, contudo, foi bem apresentado ao leitor do jornal.
Os dois textos publicados no impresso conseguiram contemplar bem o fato histórico, mesmo que dois dias depois. O primeiro (“Nós sorrimos”), da repórter Lillian Santos, resgata o momento da premiação de Melhor Filme Estrangeiro para “Ainda estou aqui” e a importância dela para o Brasil. O segundo texto (“Vitórias históricas: premiação tenta se reposicionar no mundo”), assinado pelo jornalista e crítico de cinema Arthur Gadelha, é mais analítico e aborda o caráter da premiação como um todo.
O jornal é também um documento histórico. Ele precisa trazer o fato e contar a notícia da melhor forma possível, mesmo que dois dias depois. Essa dimensão temporal é algo que nunca pode ser perdida de vista, mesmo nas coberturas mais factuais. Daqui a 100 anos, quando alguém quiser pesquisar como O POVO noticiou o primeiro Oscar brasileiro, esses registros estarão presentes.
Isso à parte, é digna de nota a cobertura robusta no digital da entrega do Oscar. Os perfis do Instagram do O POVO e do Vida&Arte fizeram um bom acompanhamento em tempo real da cerimônia, fazendo uma postagem para cada vencedor à medida que eles iam sendo anunciados. Bom destaque também dado à home do portal na noite de domingo, com muitas matérias, análises e repercussões sendo publicadas durante ou logo após a premiação.
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